Arepas: a tortilha que substitui o pão na Venezuela e na Colômbia.

Uma coisa divertida durante a Copa do mundo foi me aventurar nos pratos típicos dos adversários da Seleção Brasileira. Eu não vi muitos dos jogos começarem, porque sempre estava terminando de montar um prato para ser servido. Assistimos aos jogos em casa de amigos e sempre havia muita gente, o que me dava base pra testar as receitas e saber o que o povo achava. Era um grande desafio chamar a atenção dos convivas para minhas interpretações gastronômicas da comida dos rivais. Achavam, no início, que poderia não dar sorte e sempre havia aquelas clássicas guloseimas de jogo para atrapalhar o apetite. Deu certo pra nós, até o jogo contra a Colômbia.  Aí, o feitiço virou contra o feiticeiro... 

Só não fiz pratos pros jogos contra Camarões e Chile porque não tive tempo. Das que foram realizadas, 3 foram para o pódio: Arepas Colombianas, Joelho de Porco e Cevapcici com Ajvar (almôndegas com molho de pimentões e berinjelas, da Croácia). No caso do jogo contra a Colômbia, fiquei com um certo receio, porque teríamos uma venezuelana entre nós e arepas são prato típico nos dois países. A Valerie me disse que as arepas na Colômbia costumam ser doces. Mas as pesquisas que fiz sobre elas no Google não me mostraram isso (como ainda não conheço o país, vou ter de fazer uma visitinha pra conhecer in loco). O fato é que foi bem interessante fazer estes pratos. Pude conhecer um pouco mais da riqueza gastronômica que existe por aí, o que me aguçou ainda mais a vontade de ganhar o mundo. E foi legal descobrir que eu já tinha comido Ajvar antes (pasta de pimentões, pimenta e berinjelas), na minha última ida a Nova Iorque. Já o joelho de porco dispensa apresentações pra nós.

Arepas são tortilhas altas de milho, bastante antigas, de origem indígena, da região onde hoje se encontram a Colômbia e a Venezuela. Originalmente, elas eram feitas do grão do milho branco - semelhante ao que usamos pra fazer a canjica no Brasil, cozido e moído. É possível encontrá-las feitas da maneira tradicional em alguns restaurantes colombianos e venezuelanos, além de congeladas no supermercado, aqui em Miami. Porém, eu queria fazê-las desde o início, pra ver como era, por isso optei por usar a farinha. Acredita-se que, se não houvesse a evolução do processo para o uso da farinha fina e pré-cozida de milho (vendida hoje em supermercados), as arepas deixariam de ser feitas pelas populações de seus países, por conta do tempo exigido para sua execução. 

Elas são consumidas de inúmeras formas. Recheadas, puras com manteiga, com carne, ovo, queijo e várias outras opções. Me lembrou a tapioca, que é um substituto do pão em nossa cultura e que também tem origem indígena. A receita que foi feita você pode encontrar aqui. A Valerie disse que nunca viu arepas tão chiques, e confirmou que a massa estava com a textura certa. Ela elogiou bastante a receita e todos gostaram. Vale a pena!

Arepa con Carne a la Criola (rendimento: 10 discos de cm)

Prontas pra servir, fiz as arepas com tamanho reduzido pra petiscar. 

Prontas pra servir, fiz as arepas com tamanho reduzido pra petiscar. 

1 xícara de chá de masarepa (o "fubá" de milho branco)

1 xícara de chá de água quente

2 colheres de sobremesa de manteiga

uma pitada de sal fino

650g de filé ou fraldinha picados em pedaços médios

1 colher de sobremesa de óleo de girassol

1 xícara de chá de tomate em cubos com as sementes

cebolinha a gosto

2 dentes de alho picados

1 colher de sobremesa de cominho moído

sal e pimenta do reino a gosto

coentro fresco picado à gosto

1 xícara de guacamole

1 xícara de milho verde cozido

cebola roxa cortada em meia-lua.

Modo de fazer:

Massa: 

Numa tigela funda, de vidro ou de metal, combine a farinha pré-cozida de milho e a manteiga gelada picada com água quente, misturando bem. Deixe repousar por 5 minutos.

Numa tigela funda, de vidro ou de metal, combine a farinha pré-cozida de milho e a manteiga gelada picada com água quente, misturando bem. Deixe repousar por 5 minutos.

Amassar com as mãos, fazendo movimentos de abre e fecha. Será preciso umidecer as mãos algumas vezes pra hidratar um pouco mais a massa e deixá-la lisa, sem quebrar. Forme uma bola com a massa e, entre folhas de plástico-filme, abra-a até que f…

Amassar com as mãos, fazendo movimentos de abre e fecha. Será preciso umidecer as mãos algumas vezes pra hidratar um pouco mais a massa e deixá-la lisa, sem quebrar. Forme uma bola com a massa e, entre folhas de plástico-filme, abra-a até que fique com 0.5 cm de altura.

Usando um cortador de biscoitos de aproximadamente 10 cm de diâmetro, corte as arepas. 

Usando um cortador de biscoitos de aproximadamente 10 cm de diâmetro, corte as arepas. 

Derreta um pouco de manteiga e pincele sobre a superfície dos discos. Numa frigideira quente, doure os discos com a face untada em contato com a panela. Deixe por 3 minutos, unte o outro lado e vire-as. Aguarde mais 3 minutos. As faces ficarão tosta…

Derreta um pouco de manteiga e pincele sobre a superfície dos discos. Numa frigideira quente, doure os discos com a face untada em contato com a panela. Deixe por 3 minutos, unte o outro lado e vire-as. Aguarde mais 3 minutos. As faces ficarão tostadinhas.

Para a carne: Aqueça o óleo numa frigideira e salteie a carne até que esteja caramelizada. Adicione o tomate, o cominho e o alho e cozinhe até que o tomate se desmanche e forme um molho viscoso, revestindo as peças de carne.

Montagem: Coloque uma colher de guacamole* sobre o disco, uma porção generosa de carne por cima, grãos de milho verde, fatias finas de cebola roxa e salpique coentro fresco picado. Sirva imediatamente.

*receita em breve.

Pão de queijo com Pernil: abrindo um jantar de conclusão de curso.

Em junho de 2012, eu me graduei em Gastronomia. Na faculdade onde estudamos, nosso projeto final de curso foi realizar um jantar em um restaurante da cidade. A primeira coisa que precisamos discutir foi a definição de um conceito para a criação dos pratos e acabamos chegando à idéia de trabalhar com Comfort Food. Nós encarávamos este jantar como a nossa festa de formatura e nossos convidados seriam nossos familiares e amigos. Neste cenário, chegamos à conclusão que trabalhar com nossa memória afetiva seria uma excelente forma de fecharmos o ciclo, comemorando junto às pessoas que amamos mais esta etapa concluída de nossas vidas. E assim foi!

Fiquei responsável por elaborar a entrada de um jantar de quatro etapas. Imediatamente me lembrei de como a minha família iniciava as festas em casa da minha avó: pão de queijo com pernil suíno assado! Este petisco é muito natural para nós, mas em Brasília todos a quem eu mencionava a idéia ficavam surpresos com a combinação. Era isso! Eu tinha encontrado minha inspiração. Como seria a entrada de um jantar de formatura em Gastronomia, eu precisava adequar a receita para algo mais requintado. Era necessário aplicar as técnicas aprendidas durante o curso, além de pensar na apresentação individual. Acabei tendo a idéia de fazer uma salada de acompanhamento, para dar mais leveza e abrir o apetite para os pratos que viriam em sequência.

No caso do pernil, que na casa da minha avó é assado inteiro no calor seco, resolvi aplicar a técnica Poiler (selar a carne temperada em óleo quente numa panela grande. Depois, suar o Mirepoix: cebola, cenoura e alho poró em partes iguais e picados, 1/3 de salsão + bouquet garni) no fundo na mesma panela, fazendo deles uma cama para a carne - que vai dentro da panela fechada para o forno pré-aquecido, lá permanecendo por, no mínimo, 4 horas. Durante este tempo, o suco da carne e dos vegetais formam um caldo rico e saboroso, que foi usado na finalização do prato.

No fim das contas, a salada fez tanto sucesso quanto o pernil com pão de queijo! E, embora originalmente fosse um sanduíche, resolvi servir os componentes dele separados no prato, para que cada um o comesse como tivesse vontade: a idéia era que cada convidado aplicasse sua forma de comer ao prato, tornando-o versátil e divertido de comer. Para mim foi muito importante dividir esta memória familiar com as pessoas que compareceram ao jantar. E também foi muito bacana perceber que é possível transformar pratos simples, de seu cotidiano, em algo mais requintado. O exercício de criatividade na gastronomia surge aí. Vamos à receita:

Foto do professor José Marcos Lelis.

Foto do professor José Marcos Lelis.

Pão de queijo com pernil, salada verde  e vinagrete de abacaxi (10 porções)

Pão de queijo:

215 gramas de polvilho azedo de boa qualidade

150 gramas de ovos

86 gramas de queijo minas curado ralado fino

43 gramas de queijo parmesão ralado grosso

52 ml de óleo de milho

52 ml de leite integral

4 gramas** de sal marinho refinado

q/n água filtrada

Pré-preparo: Pese todos os ingredientes e coloque cada um em um recipiente limpo. Rale os queijos.

Preparo: Dilua o sal** no leite. Em uma panela coloque o óleo e o leite salgado para ferverem. Quando a espuma do leite sobrepuser a superfície do óleo, desligue o fogo e escalde o polvilho azedo, que já está pesado em recipiente de metal (para aguentar o calor dos líquidos). Mexa a mistura com uma colher de pau para dissolver um pouco os grumos e ajudar a esfriar. Uma vez fria, adicione o queijo ralado e os ovos, um a um até dar o ponto (mole) de enrolar.

Assar: Pré-aqueça o forno a 180 graus. Unte, com o mesmo óleo usado na massa, as formas que serão usadas. Unte as mãos e faça bolinhas iguais com a massa, pegando-a da tigela com a ajuda de uma colher de sobremesa. Terminando de enrolar todos os pãezinhos, asse-os. Observação importante: Colocar as formas todas de uma vez só no forno. Evite abrir o forno nos primeiros 30 minutos ou até que a crosta se coagule, para evitar que os pães fiquem com a crosta muito grossa.

** O sal, na receita do pão de queijo, deve variar de acordo com a salga dos queijos utilizados. Prove-os antes de usar o sal e, em dúvida, coloque a metade de sal recomendada. Prove a massa pronta e, se houver necessidade, acrescente mais sal. Normalmente não precisa.

 

Pernil de porco:

543 gramas de pernil de porco

71 gramas de cebola (1) triturada

137 gramas de alho poró em meia-lua

46 gramas de salsão picado

137 gramas de cebola (2) em cubos

137 gramas de cenoura em cubos

14 gramas de alho

29 ml de suco de limão tahiti

q/n de pimenta do reino preta em grão

q/n de louro em pó

q/n de semente de cominho

q/n de semente de coentro

q/n de tomilho fresco

q/n de alecrim fresco

q/n de sal marinho refinado

q/n de óleo de girassol

5 gramas de manteiga sem sal

5 gramas de farinha de trigo

Preparo pernil:

Marinada: Tempere o pernil de porco com pimenta do reino preta moída na hora, suco de limão, cebola e alho processados em purê, folhas de tomilho, alecrim e o louro em pó. Coloque as sementes de cominho e coentro num pilão e soque para que se quebrem. Adicione à marinada do pernil, acondicione em recipiente com tampa e leve à geladeira por no mínimo 12 horas.

Selar: Numa panela ou forma grande o suficiente para caber a peça de pernil inteira, coloque o suficiente de óleo de girassol e sele ambos os lados da peça. Reserve. Na mesma panela, junte o mirepoix e salteie-os até que comecem a ganhar uma cor dourada. Coloque as demais ervas e temperos nesta cama de vegetais e sobre ela a peça de pernil selada. Feche o recipiente com tampa ou papel alumínio e leve ao forno pré-aquecido a 180 graus. Asse por aproximadamente 3 horas, dependendo do volume da peça. O ponto correto da carne é quando está macia, pouco antes de começar a desfiar. Terminado o assado, separe-o dos vegetais e do molho e leve-o à geladeira até que resfrie por completo.

Separe a carne dos vegetais e do suco de cocção. Reserve.

Molho:  Leve o caldo separado dos legumes ao fogo numa frigideira até que o líquido derreta. Peneire para retirar os vegetais que ainda ficaram e os resquícios de temperos e ervas do molho. Se houver muito molho, reduza-o. Se ao reduzir ele continuar muito líquido, adicione a manteiga manié*** e dissolva. Espere engrossar até cozinhar a farinha. Desligue o fogo. 

Finalização: Fatie o pernil gelado com uma faca de chef. Tome o cuidado para deixar as fatias com aproximadamente 2 cm de altura. Junte as fatias ao molho, aqueça-as e sirva.

***manteiga manié consiste em uma mistura de partes iguais de manteiga pomada (consistência em temperatura ambiente) e farinha de trigo. Esta mistura pode ser usada para engrossar molhos, acrescentando brilho. É importante lembrar que, como a farinha está crua, faz-se necessário esperar um tempo no fogo depois de acrescentá-la, para que haja tempo da farinha cozinhar. Se não tomarmos este cuidado, o molho ficará com gosto de farinha crua. 

 

Salada verde com vinagrete de abacaxi e pimenta dedo de moça:

120 gramas de folhas verdes tipo baby

400 gramas de abacaxi cortado em cubos de 5 mm

10 gramas de pimenta dedo de moça cortada em cubinhos de 1mm

100 ml de azeite de oliva

q/n de sal marinho refinado

Pré-preparo: Retire as raízes das folhas e coloque-as de molho em solução de água e hipoclorito de sódio por aproximadamente 10 minutos. Retire as folhas desta solução e transfira-as para outra tigela com solução de água e vinagre por igual período. Retire-as e coloque-as em um último recipiente, contendo somente água. Deixe por mais 10 minutos. Retire-as e coloque-as numa secadora de folhas. Reserve. Descasque o abacaxi e corte-o em cubos de 5 mm. Reserve. Corte as pimentas em cubinhos de 1mm. Reserve.

Preparo: Deixe as quantidades certas de folhas (12g por pessoa) separadas em copinhos descartáveis. Regue o abacaxi com o azeite até metade de seu volume. Misture e junte um pouco de sal. Deixe as quantidades de abacaxi separadas em copos descartáveis. Misture a pimenta picadinha com o vinagrete de abacaxi e coloque-o como sobre as folhas, já no prato.

Montagem final: Num prato branco sem detalhes, coloque as folhas organizadas de modo que sua superfície fiquem aparentes. Coloque duas unidades de pão de queijo num dos lados das folhas verdes e, do outro, as fatias de pernil assado. Verta o molho da carne por cima dela e, do mesmo modo, salpique o vinagrete de abacaxi com pimenta por sobre as folhas. Sirva imediatamente!

Benedita: mais de 100 anos de sucesso!

(originalmente publicado no meu antigo blog 2bocados)

Este é um dos meus doces caseiros favoritos. Minha avó contava que a mãe dela fazia doces 'pra fora', para ajudar nas despesas domésticas. Meu bisavô era dentista, o que significa que aquele casal sabia muito bem trabalhar em sintonia: ela colaborava para o aumento dos casos de cáries na população de Boa Esperança e ele consertava o sorriso do povo. ;)

Brincadeiras à parte, a Benedita parece ter parentesco com um doce muito conhecido, o 'Ovos Nevados'. Já tentei saber com as filhas de minha bisavó como foi o surgimento deste doce: se foi criação da 'Voínha' ou se ela pegou a receita com alguém, mas ninguém tem certeza... O que sabemos é que não se conhece o doce pelo nome fora de nossa família e eu, particularmente, nunca o vi ser servido em nenhum lugar fora das casas da minha mãe e avó. Então eu resolvi que muito provavelmente minha bisa precisou fazer 'Ovos Nevados' e descobriu que não tinha açúcar em casa, mas muito doce de leite correndo o risco de azedar. Fez alguns ajustes na receita. Talvez deve ter-se lembrado do tradicional doce de leite com queijo fresco que em Minas se come muito e mudou totalmente o resultado final. Daí deve ter surgido uma das minhas 'sobremesas de babador', aquela que eu passarei a receita para meus filhos, que passarão para meus netos e que se perpetuará na família, se Deus quiser!

Receitas de família são jóias que a gente fica tentado a manter guardadas. Porém, em um momento em que lutamos por reconhecimento da Gastronomia Brasileira como cultura, pela valorização dos saberes culinários de nosso povo e pelo resgate de nossa história gastronômica, achei que seria muito bom socializar esta receita. Jogá-la ao vento para ver se faz eco. Ver se encanta a outras pessoas que não possuem memórias afetivas vinculadas à ela. Minha mãe fez isso: ela a inscreveu num concurso de receitas em Brasília e ganhou 10 mil reais em mobiliário de cozinha! Eu a inscrevi em um concurso de 2011 de uma revista* de São Paulo, cujo prêmio era representar o Brasil em uma feira de negócios em Miami (olha Miami aí, já querendo me puxar pra cá de qualquer jeito!). Fiz umas modificações na receita e na forma de apresentá-la, buscando dar uma cara mais atual à ela. Acrescentei uma calda amarga de café e caprichei no queijo minas curado e ralado, pra adicionar um salgadinho e dar um contraste de sabores.

Classifiquei-me para a final mas não a venci. Porém fiquei bem orgulhosa dos resultados e da repercussão positiva da receita com gente que trabalha profissionalmente com Gastronomia. Para mim foi muito importante participar deste concurso, para eu realmente perceber que as coisas que eu faço fazem sentido para outras pessoas. Serviu pra eu começar a 'acreditar mais no meu taco', entende? No mais, lá vai!

Fotografia gentilmente cedida pelo diretor da extinta revista Alta Gastronomia.

Fotografia gentilmente cedida pelo diretor da extinta revista Alta Gastronomia.

Benedita (Rendimento de 8 a 10 pessoas)

1 litro de leite integral

500g de doce de leite

8 claras

8 gemas

1 fava de baunilha Bourbon

50g de açúcar refinado

q/b** de Canela em pó

q/b** Queijo minas curado e ralado

Preparo:

Dilua o doce de leite no leite integral, usando uma panela bem larga e alta, de modo que os ingredientes a preencham até a sua metade.

Adicione as sementes de uma fava de baunilha, acrescentando também a sua vagem para o cozimento. Leve ao fogo até levantar fervura. Retire a vagem.

Bata as claras com o açúcar até atingir o ponto de picos moles. Acrescente delicadamente as gemas às claras, com movimentos de baixo para cima com a ajuda de um pão-duro.

Com uma colher de servir, vá colocando a mistura aos poucos (como se fosse massa de bolinho de chuva) no leite fervente e deixe cozinhar bem, dos dois lados (tem de virar!).

Os ovos batidos, sendo cozidos no doce de leite. 

Os ovos batidos, sendo cozidos no doce de leite. 

À medida em que as porções estiverem cozidas, retire-as com escumadeira e disponha-as, camada por camada, nas tigelinhas individuais, até acabar a mistura de ovos.

No fundo da panela ficará um pouco de doce de leite engrossado com resíduos de ovos. Despeje esta mistura uniformemente por cima da sobremesa ou guarde pra comer com colher!!!!

Sirva em tigelinhas individuais sobre um pires retangular, decorado com calda de café.

IMPORTANTE: Polvilhe queijo minas meia-cura ralado e canela em pó entre as camadas.

** q/b: quanto baste, o mesmo que quantidade necessária ou o famoso à gosto!

Biscuits: pãezinhos rápidos, de cebola e queijo, pro café da manhã.

Existe uma cadeia de restaurantes especializada em lagosta nos EUA. Nunca tinha ouvido falar, até que amigos de Brasília vieram passear com as filhas por aqui. Normalmente eu evito este tipo de restaurante porque a qualidade da comida, excessivamente padronizada e feita pra ser barata, é bastante questionável. Neste sentido, concordo com Alex Atala quando ele diz que se você paga 1 real por um cachorro quente ruim, isso é pagar caro! Restaurantes baratos se proliferam aos montes por aqui. Redes especializadas pra todos os gostos: carnes, frutos do mar, panquecas e café da manhã, sanduíches dos mais variados, massas, cheesecakes... Porém, é difícil encontrar entre as ofertas algum que realmente me satisfaça. De toda forma, conhecer a rede foi bacana por um motivo muito interessante. Você consegue imaginar um restaurante especializado em lagosta e demais frutos do mar, onde o melhor de tudo o que você pode comer é o pãozinho do couvert

Esqueça tudo o que é servido na rede: se fosse possível, você iria querer dormir numa cama cujo colchão fosse feito de Cheddar Bay Biscuits quentinhos, saídos do forno. Esses "pãezinhos" são tão famosos quanto a Cebolona do Outback. Pra ter-se uma idéia, no site da marca é possível ter acesso a diversas das receitas que são servidas na casa, mas se você quiser os biscuits, vai ter de ir a algum supermercado pra comprar o mix preparado e vendido pela rede. Como eu não sou fã de mix comprados prontos...

Os biscuits são servidos no sul dos EUA como acompanhamento para vários pratos ou no café da manhã. No restaurante de Southern Food a que fomos em Savannah/GA, eles eram servidos acompanhados de Gravy, uma espécie de molho americano que consiste em um caldo saborizado e espessado com farinha de trigo. O biscuit é leve, tão leve que desmancha na boca. Desde que eu os comi, sonhava em voltar à uma unidade qualquer só pedir porções dele pra me fartar. Que lagosta que nada!

Pensando nisso, resolvi pesquisar na internet uma receita bacana pra tentar reproduzi-los em casa. Achei várias, mas gostei dessa!

Este é o resultado de minha terceira tentativa com a receita. Em todas elas, o sabor estava incrível. Apenas precisei de uns ajustes para que ficasse do jeito que eu queria. 

Este é o resultado de minha terceira tentativa com a receita. Em todas elas, o sabor estava incrível. Apenas precisei de uns ajustes para que ficasse do jeito que eu queria. 

Fiz essa receita por 3 vezes. Na primeira tentativa, fiz algumas adaptações:

1) achei estranho pedirem manteiga derretida pra incorporar na massa e fiz com ela gelada. A massa lembra um pouco aquelas massas podres para empadas e quiches, só que com fermento. Portanto, recordando das massas podres que já fiz, resolvi que a manteiga teria de estar gelada pra que se evitasse com mais eficiência o desenvolvimento do glúten.

2) Eu não tinha buttermilk em casa, daí usei leite integral mesmo.

Como resultado, tive um pão gostoso, mas um tanto quanto seco. Outra coisa que resolvi experimentar foi colocar a massa na assadeira usando uma colher de massa para cookie (que no Brasil é usada para servir bolas de sorvete, pois tem uma espécie de pá que raspa a superfície da massa, descolando-a da colher). Com isso, o formato final ficou um pouco esborrachado. Meu marido comeu 6 de uma vez só!

Na segunda vez fiz a receita para receber minha mãe e minha tia, recém-chegadas de viagem. É uma receita tão rápida que fica pronta antes que uma fornada de pão de queijo seja feita. Desta vez, utilizei a manteiga como a receita pede, derretida. E comprei buttermilk*. O resultado foi muito melhor, a massa ficou bem mais leve. Resolvi enrolar os pães rapidamente com minhas mãos untadas com um pouco de manteiga derretida. O suficiente pra arredondar a massa. O formato final também ficou bem melhor. Minha mãe e tia adoraram, mas eu tive um problema de digestão com o alho em pó. "Lembrei-me" dele o dia todo!

Agora na última tentativa resolvi, de última hora, trocar o alho por cebola em pó. Também substituí 1/4 da farinha de trigo por fécula de batata. O resultado foi um "pãozinho" mais leve ainda e que não mandou lembranças durante o dia. No mais, corre pra cozinha!

"Pãezinhos" rápidos de cebola com queijo (rendimento: 10 pães, de aprox. 10 cm de diâmetro)

1 xícara e 3/4 de farinha de trigo

1/4 de xícara de fécula de batata

1 colher de sobremesa de açúcar

1 colher de sobremesa de fermento químico em pó (o que se usa pra bolos)

2 colheres de chá de cebola em pó (se não tiver ou não quiser usar, tudo bem)

1/2 colher de chá de sal

1/4 colher de chá de pimenta caiena em pó (opcional)

1 xícara de buttermilk*

1/2 xícara de manteiga sem sal, derretida

1 xícara e meia de queijo cheddar ralado grosso (pode ser parmesão, prato, do reino)

Para a finalização:

3 colheres de sobremesa de manteiga sem sal derretida

1 colher de sobremesa de salsinha fresca picada

1/2 colher de chá de cebola em pó

Modo de fazer: Aqueça o forno a 240 graus Celsius/ 450 fahrenheit . Prepare uma assadeira forrada com papel manteiga ou com tapete de silicone. Numa tigela, adicione os ingredientes secos na sequência em que aparecem na receita. Misture os ingredientes secos. 

Adicione a mistura de buttermilk e manteiga e o queijo ralado. Misture rapidamente até que os ingredientes se incorporem.

Adicione a mistura de buttermilk e manteiga e o queijo ralado. Misture rapidamente até que os ingredientes se incorporem.

Esse é o ponto final da massa. Parece que ainda falta muito, mas é isso aí mesmo!

Esse é o ponto final da massa. Parece que ainda falta muito, mas é isso aí mesmo!

Enrole porções, usando uma colher de sopa, nas mãos untadas com manteiga e coloque-as separadas a uma distância de 2 dedos entre elas. Misture os ingredientes da cobertura e pincele os pães. Coloque um pouco de sal kosher (se tiver) acima de cada pã…

Enrole porções, usando uma colher de sopa, nas mãos untadas com manteiga e coloque-as separadas a uma distância de 2 dedos entre elas. Misture os ingredientes da cobertura e pincele os pães. Coloque um pouco de sal kosher (se tiver) acima de cada pãozinho. 

Asse-os por aproximadamente 15 minutos ou até que dourem. Sirva quente! 

*Butermilk: originalmente, o líquido que sobra ao bater-se manteiga. Hoje é encontrado pra vender nos supermercados americanos uma versão de leite fermentado, semelhante à uma coalhada. Para fazer uma substituição à altura, coloque uma colher de sopa de vinagre branco em 1 litro de leite integral. Aguarde talhar por 10 minutos.

Nunca é demais dizer: não desenvolver o glúten não significa a mesma coisa que gluten-free, ok? Se não pode comer glúten, faça um pão de queijo

Galinhada de forno, pra curar a Nostalgia.

Quando eu era criança, meus pais costumavam reunir os amigos em casa pra comer uma "Galinhada fora de hora". Era uma reunião familiar muito agradável. Desculpa justa pra juntar todo mundo e ficar proseando, enquanto a criançada corria solta pela casa. Utilizando-se da máxima de que "o melhor tempero é a fome", minha mãe servia o prato quase de madrugada, acompanhado do melhor Tutu de feijão que já comi na vida, decorado com os torresminhos que ela faz da pele do frango. Garanto que nossas noites de sábados eram tão animadas quanto devem ser as do restaurante do Alex Atala, o Dalva e Dito. ;)

Antes, meu pai fazia projeção de Slides (com aquele projetor Carousel, da KODAK, que foi motivo de um dos anúncios publicitários de Don Draper, em Mad Men) e nós ficávamos rindo, admirados, de nossas imagens enormes sendo projetadas na parede; ora de lado, ora de ponta-cabeça, ora ao contrário, mas na maioria das vezes do jeito certo. Isso quando não aparecia somente a luz, sinalizando que algo tinha dado errado, consumindo alguns minutos de atenção do meu pai até começarmos tudo de novo. Até hoje eu adoro o som dos slides sendo trocados no projetor e de vez em quando peço ao meu pai para fazer uma sessão nostalgia, para desespero do meu irmão mais velho. São memórias muito bacanas, que me fazem ter a certeza de que tive uma infância muito rica. 

Esses dias saudosos que tive por ocasião da Copa do Mundo me deram vontade de comer uma galinhada. Mas resolvi experimentar uma receita nova, pra não correr o risco de me decepcionar com o resultado. Esta daqui foi retirada do site da SAVEUR e é bastante saborosa. Como de costume, fiz algumas alterações pra utilizar os ingredientes que já tinha em casa. Troquei o arroz integral tradicional, do qual não gosto muito, pelo cateto integral, muito mais saboroso e com melhor textura por ser mais resistente ao cozimento. Substituí a cebola por alho poró, porque ele estava pedindo pra ser usado. Não usei pimentões nem ervilhas...

O arroz integral, tipo cateto, e o frango ficam bem molhadinhos com o cozimento misto (fogão e forno) garantindo muito sabor. A adição de chorizo espanhol deu um toque bem bacana de páprica. Pena que eu não tinha ervilhas em casa, como a receita pedia. Imagino que teria ficado ainda mais gostoso! Mesmo assim matou a minha vontade, sem que eu ficasse com mais saudades ainda dos quitutes de minha mãe. 

Decore com folhinhas de manjericão e regue com um pouco de azeite. Pimenta moída à gosto e pronto!

Decore com folhinhas de manjericão e regue com um pouco de azeite. Pimenta moída à gosto e pronto!

Arroz Cateto integral, com frango e chorizo espanhol.

4 sobrecoxas de frango, com ossos e pele

Quando baste de pimenta do reino moída fresca

Quanto baste de sal marinho, de prefência moído na hora (pode ser o refinado, se não tiver)

2 colheres de sobremesa de azeite de oliva

100g de chorizos espanhóis pequenos, cortados em fatias de 1mm

1 colher de sobremesa de orégano seco (se tiver fresco, aumente a quantidade pra 2 colheres)

1/2 colher de sopa de pimenta calabresa

4 dentes de alho amassados

1 talo grande de alho poró cortado em rodelas finas

1 folha de louro

3 raminhos de tomilho fresco

1 xícara e meia de arroz cateto integral

1/2 xícara de vinho branco seco

3 xícaras de caldo de galinha (preferência pelo caseiro. Mas pode usar o em cubos, seguindo as recomendações de diluição do fabricante)

Folhas de manjericão para decorar.

Modo de fazer: Tempere o frango com sal e pimenta. Pique e prepare todos os ingredientes a serem usados enquanto o frango fica acondicionado em pote fechado, em geladeira, para absorver o tempero. Aqueça o forno a 400 fahrenheit ou a 200 graus celsius. Aqueça, no fogão em fogo médio, uma panela com capacidade para 2 litros (que possa ir ao forno e que retenha bem o calor). Quando estiver bem quente junte o azeite, colocando imediatamente os pedaços de frango com a pele pra baixo. Doure por aproximadamente 8 minutos e vire os pedaços, procurando dourá-los por todos os lados. Retire-os da panela e reserve.

Dourar bem os pedaços de frango. Se for fazer receita para mais pessoas, doure poucos pedaços por vez. Coloque os suficiente para que todos possam estar com a parte da pele em contato com o fundo da panela. 

Dourar bem os pedaços de frango. Se for fazer receita para mais pessoas, doure poucos pedaços por vez. Coloque os suficiente para que todos possam estar com a parte da pele em contato com o fundo da panela. 

Adicione o chorizo e frite-o na gordura da panela, mexendo sempre, por uns 5 minutos. Reserve. Coloque o alho poró picado, o orégano, a pimenta calabresa, o tomilho e o louro misturando de vez em quando. Assim que a cebola estiver transparente, adicione do alho e refogue, até que ele desprenda aroma. Junte o arroz e mexa bastante para que os grãos possam ser cobertos de gordura. Isso deve levar uns 2 ou 3 minutos. Verta o vinho sobre o arroz e misture para soltar qualquer caramelização retida no fundo da panela e deixe-o evaporar à metade.

Os grãos de arroz devem ser cobertos pela gordura da panela. É como se estivesse fazendo um risotto com arroz cateto integral. Este tipo de arroz integral tem os grãos mais curtos e arredondados, que mantém-se íntegro durante o cozimento, exigi…

Os grãos de arroz devem ser cobertos pela gordura da panela. É como se estivesse fazendo um risotto com arroz cateto integral. Este tipo de arroz integral tem os grãos mais curtos e arredondados, que mantém-se íntegro durante o cozimento, exigindo mais tempo e líquido que o tipo longo comum. Porém, o cateto é muito mais saboroso porque exige mais tempo de mastigação. 

Distribua os pedaços de frango e chorizo na panela, de modo que fiquem com espaços iguais entre os pedaços de frango. Despeje o caldo quente por cima, até que ele cubra o frango. Tempere o caldo com sal e pimenta. Tampe a panela e deixe ferver. Transfira-a tampada para o forno e asse até que o arroz e o frango estejam cozidos (aproximadamente 1 hora. Cheque de vez em quando). Cuidado para não deixar o caldo secar completamente! 

Tire a panela do forno e mantenha-a tampada mais uns 5 minutos. Se tiver ervilhas e quiser usá-las, este é o momento. O calor do arroz dará conta de aquecê-las. Chame o povo e bom apetite! 

Mix para Panquecas rápidas da Nigella.

Desde a primeira vez que eu vi Nigella Lawson em seus programas de TV, veiculados no Brasil pela GNT, eu quis desesperadamente ser como ela. Acho-a linda, prática e sexy, além de ela tratar a comida como algo extremamente prazeroso, como de fato é! Num mundo onde a maioria das mulheres escolhem salada de rúcula quando saem para jantar, ela é o motivo pra eu não me sentir tão deslocada porque gosto muito de comer. 

A primeira coisa que eu penso quando falo em panquecas é na minha infância. Nos desenhos animados da Disney e nos gibis, elas sempre apareciam como opção para o café da manhã da criançada. O curioso é que eu só fui prová-las pela primeira vez por meio desta receita, publicada no livro "Nigella Express".  A receita virou curinga na minha despensa e faz a alegria daqueles que vêm nos visitar em Miami. É uma receita muito simples e que pode ser feita rapidamente, porque você faz o mix com antecedência e o guarda a sete chaves. 

Porém, experimentei a clássica cobertura de Maple Syrup e confesso que não gostei muito. Sempre comemos frutas no café da manhã e quando faço panquecas gosto de deixá-las mais práticas e também mais saudáveis. Portanto o meu toque pessoal aqui está na adição do iogurte grego com as frutas vermelhas frescas e um nadinha de mel, só pra adoçar um tiquinho. A massa das panquecas leva pouco açúcar, têm gosto bastante neutro. Já as experimentei com ovo pochê, bacon e aspargos e também ficou excelente! 

Panquecas da Nigella

Nesta receita eu adicionei farinha de trigo integral à receita. Uns 40% do total. 

Nesta receita eu adicionei farinha de trigo integral à receita. Uns 40% do total. 

Mix seco

600g de farinha de trigo

3 colheres de sobremesa de fermento químico em pó

2 colheres de chá de bicarbonato de sódio

1 colher de chá de sal

40 gramas de açúcar

Para fazer as panquecas: (rendimento de 10 a 12 panquecas, dependendo do tamanho).

Separe 150g do mix. Guarde o restaurante em vasilha com tampa.

1 ovo grande

250ml de leite integral 

1 colher de sopa de manteiga sem sal derretida

Modo de preparo: numa tigela funda, coloque os 150g do mix. Coloque o ovo, o leite e misture rapidamente com um fouet, até que os ingredientes se incorporem uns aos outros. Derreta a manteiga numa frigideira antiaderente (eu gosto de deixá-la em ponto noisette, que é quando você deixa a manteiga dourar um pouco na panela. Ela desenvolve aroma de nozes e dá um sabor bem mais gostoso!) e verta-a sobre a massa, misturando mais um pouco. 

Aqui o momento de virar as panquecas. Você vai ter uma noção melhor de como é o processo ao assistir ao vídeo postado acima, com a própria Nigella explicando como fazer. No vídeo ela faz, antes das panquecas, uma calda de mirtilos com maple syrup. P…

Aqui o momento de virar as panquecas. Você vai ter uma noção melhor de como é o processo ao assistir ao vídeo postado acima, com a própria Nigella explicando como fazer. No vídeo ela faz, antes das panquecas, uma calda de mirtilos com maple syrup. Parece ser uma idéia legal, também. Se você quiser fazer mas não encontrar o Xarope de Bordo (maple syrup em Português), você pode colocar as frutinhas numa panela com um pouco de açúcar em fogo baixo, até os mirtilos estourarem e formarem uma calda. Pode ser necessária a adição de um pouco de água. Ou, vinho do porto! ;) Se não tiver mirtilos, use morango. Ou amoras. Ou manga. Ou a geléia que vc tiver na geladeira diluída em um tiquinho de água. 

Na mesma frigideira (passe um papel toalha pra limpar a sobra de manteiga, para que ela não queime e prejudique o sabor), usando uma concha (daquelas de servir feijão) faltando um dedo de massa pra encher, despeje a massa na frigideira quente. A massa vai começar a borbulhar por causa do fermento e do bicarbonato. Porém, a panqueca só estará pronta para ser virada quando estas bolhas estourarem e ficarem buraquinhos no lugar delas. É sinal de que a massa está cozida e que pode ser virada e dourada rapidamente do outro lado. Retire a panqueca da frigideira e vá depositando uma acima da outra, num prato, até que a massa acabe. Isso faz com que elas se mantenham quentinhas. Terminadas as panquecas, divida-as nos pratos em que serão servidas, adicione uma colher de sopa de iogurte grego sem sabor no topo e decore com as frutas vermelhas (pode ser qualquer fruta. Pode adicionar banana picadinha na massa. Pode adicionar gotas de chocolate na massa. Vale experimentar! Minha mãe já comeu uma com Banana e Cream Cheese na massa que estava ótima!).

Ravioli Brasiliense: homenagem à minha terra natal.

Este período de Copa do Mundo no Brasil tem me dado mais saudades da terrinha que aquelas que eu já havia conseguido domar. O jogo da Seleção Canarinho contra Camarões aconteceu em Brasília e, neste dia, além de estar a 7 horas distante da minha cidade - em vôo direto, fora o tempo extra pra chegar ao aeroporto e cumprir as burocracias devidas - eu ainda resolvi folhear um livro de fotografias sobre paisagens e cultura brasileiras, o que me deixou mais saudosa. Morar no exterior tem muitos reveses. Numa excepcionalidade, como a realização da Copa do Mundo no meu país, por exemplo, só complica os sentimentos. Porém, como sempre há um lado positivo em toda experiência, tenho aproveitado os jogos do Brasil pra me aventurar pelas cozinhas de alguns dos nossos adversários. Publicarei as receitas durante a próxima semana, mas vou começar fazendo uma homenagem à Brasília, resgatando uma receita que me deu muitas alegrias e que utiliza um ingrediente bem brasileiro, especialmente na região do cerrado, o pequi.

Em 2011, participei do concurso Brasília Gourmet do Correio Braziliense, que resolveu homenagear antecipadamente o ano da Itália no Brasil. Definiram preparos e ingredientes específicos para as categorias: Entrada - Bruschetta; Prato Principal - Massa fresca recheada; Sobremesa - Tiramissú. Escolhi me inscrever na categoria prato principal, que tinha como ingredientes obrigatórios o tomate San Marzano, os queijos tipo grana e ervas frescas como orégano, manjerona, basílico e alecrim.

No princípio, a idéia de fazer uma receita tipicamente italiana me envolveu. Eu tinha, inclusive, meio coelho no meu freezer esperando por um destino. Mas, de repente, alguém da faculdade de Gastronomia fez um comentário sobre o uso de ingredientes brasileiros no Facebook e me deu um estalo: "Por que não fazer uma releitura do Arroz com Pequi?". Lembrei que quando eu era pequena, meu pai tentou, sem sucesso, armazenar pequi no congelador lá de casa sob protestos da minha mãe. O aroma da fruta é bem pronunciado e enjoativo até. Por isso, esta receita foi também uma homenagem ao meu pai, que passou boa parte de sua existência sem comer pequi em sua própria casa.

Estudando um pouco sobre massas em um livro italiano, li coisas interessantes como o uso de cacau em massa de ravioli doces, coisa que nunca vi ser aplicada em uma sobremesa no Brasil. Daí me lembrei também que num fim de semana qualquer nas serras mineiras, na casa de uns primos em Belo Horizonte e serviram Arroz com Pequi. Fiquei sem jeito de estar lá como agregada e ainda torcer o nariz pro prato principal, tão festejado pela anfitriã. Tive de comer e acabei me surpreendendo com o sabor adocicado que o pequi deixou no arroz. Daí nasceu a idéia de saborizar e colorir a massa do ravioli com a polpa do pequi. Em Brasília, há uma polpa processada no mercado que serve perfeitamente para isso. Então, foi só unir os ingredientes e testar a massa no marido, sem que ele soubesse do que era feita. Veredito: "melhor massa fresca que eu já comi na vida!". Empolgada, desenvolvi o recheio. Ao fazer a massa novamente, peneirei a polpa que comprei, porque ela tinha uns pedaços do fruto que poderiam prejudicar o ravioli na hora da montagem, quebrando a capa do recheio. Ao olhar para aqueles gruminhos amarelos que teriam destino certo no lixo, resolvi fazer com eles uma manteiga de pequi como molho para os ravioli.  A receita tinha nascido! Os sabores casaram perfeitamente e eu fiquei bem feliz com o resultado. Me inscrevi, a receita foi selecionada, fui defendê-la perante um júri de 10 entendidos em comida italiana e fiquei com o segundo lugar.

O prato. Fotografia que enviei para os organizadores do concurso, ilustrando a receita.

O prato. Fotografia que enviei para os organizadores do concurso, ilustrando a receita.

Ravioli Brasiliense  (Rendimento: 30 ravioli).

Massa de Pequi:

300g de farinha de trigo

105g de purê de pequi passado na peneira de plástico (reserve os pedacinhos que ficarem na peneira)

105ml de água filtrada

q/b de sal

O purê de pequi foi diluído na água e colocado no meio da coroa de farinha de trigo. Primeiro passo para misturar a massa e sová-la até atingir o ponto.

O purê de pequi foi diluído na água e colocado no meio da coroa de farinha de trigo. Primeiro passo para misturar a massa e sová-la até atingir o ponto.

Modo de preparo: Peneire a farinha sobre uma superfície de trabalho e abra um buraco no centro dela, como um vulcão. Em uma tigela, misture o purê de pequi com a água e adicione o sal. Verta esta mistura de pequi no centro da coroa de farinha e misture, delicadamente, com a ponta dos dedos até que os líquidos se incorporem à farinha. Comece a sovar a massa até que ela fique compacta e com a superfície lisa (aproximadamente 15 minutos). Envolva a bola de massa em plástico filme e deixe descansar por no mínimo 30 minutos em geladeira.

 

Recheio de frango:

O raviolo por dentro. 

O raviolo por dentro. 

1ª parte:

2 coxas de frango

2 sobrecoxas de frango

2 litros de água

1 cebola picada em fatias finas

1 cenoura ralada no ralo fino

Folhas de aipo

Duas colheres de sopa de óleo de girassol

Grãos de pimenta do reino branca

1 folha de louro

1 dente de alho amassado

Modo de preparo: Em uma panela grande, coloque o óleo e refogue a cebola até ficar transparente. Junte a cenoura e refogue um pouco mais, juntando o aipo logo em seguida. Verta a água sobre o refogado e espere tudo entrar em ebulição. Coloque os pedaços de frango, com a pele e os ossos dentro do caldo e deixe cozinhar, em fogo baixo, por aproximadamente 1 hora.

Retire os pedaços de frango, despreze as peles e desosse. Enquanto o caldo restante reduz, desfie a carne finamente, corte pequeninos pedaços com uma faca bem afiada e reserve.

2ª parte:

1 tomate San Manzano

35 gramas de cenoura em cubos pequenos

½ cebola picada em cubos pequenos

2 colheres de sopa de óleo de girassol

1 dente de alho moído ou ralado

Sal

Pimenta do reino moída na hora

Orégano fresco

1 concha do caldo reduzido de frango

Modo de preparo: Coloque água para ferver numa leiteira, suficiente para cobrir o tomate. Depois que a água ferver, coloque o tomate com uma cruz cortada em sua extremidade e deixe-o mergulhado por aproximadamente 1 minuto. Retire-o e leve-o à um banho de água fria por igual período. Retire a pele e as sementes do tomate, cortando-o em cubos pequenos. Corte a cenoura, a cebola e reserve. Rale o alho. Numa panela quente, coloque o óleo e refogue a cebola até que ela murche. Adicione o alho moído e refogue até que ele libere aroma. Adicione o tomate em cubinhos e refogue por alguns instantes. Junte a cenoura picadinha e refogue. Junte o frango picado, tempere com sal e pimenta e refogue por alguns minutos, até que a mistura seque. Adicione uma concha do caldo reduzido e coado e misture até que quase seque, tomando o cuidado para não deixar a mistura seca. Desligue o fogo, adicione o orégano fresco picado e reserve. 

Montagem dos Ravioli

Abra a massa com um rolo ou máquina de macarrão até atingir um 3 mm de espessura. Polvilhe a superfície de trabalho com semolina, para não grudar. Dobre a massa ao meio, fazendo uma marcação para dividí-la em duas partes iguais. Com uma colher de chá, coloque montinhos de recheio em metade da massa, distantes uns 2,5 cm entre si. Quando acabar o espaço disponível, feche a outra parte da massa em cima dos montinhos de recheio, tomando o cuidado de passar água em volta dele, para que a massa grude. Pressione bem a massa ao redor do recheio com os dedos até que vede bem, com o cuidado de fazer o ar sair. Use cortadores redondos, de aproximadamente 5mm de diâmetro, para cortar os ravioli. Reserve.

Cocção: Numa panela grande, coloque bastante água para ferver. Quando estiver fervendo, adicione 10g de sal para cada litro de água. Quando ferver novamente, adicione os ravioli, mexendo a água para que não grudarem. A cocção deve durar aproximadamente 5 minutos. Retire-os com uma escumadeira e coloque numa travessa, vertendo um pouco de azeite sobre eles para não colarem.

Manteiga de Pequi:

20 gramas de manteiga com sal

5 gramas da polpa de pequi que não passou pela peneira

Modo de preparo: Numa frigideira quente coloque a manteiga e deixe derreter. Adicione em seguida o pequi e deixe fritar um pouquinho. Tampe a mistura porque o pequi em pedaços costuma pipocar. A manteiga ficará com um tom dourado pálido. Desligue o fogo, coloque os Raviólis na frigideira e envolva-os na manteiga. Sirva imediatamente, com queijo parmesão ralado na hora e algumas folhas de orégano fresco. 

Conforte-me com Cerejas: Clafoutis com queijo Brie.

Da última vez em que estive em Nova Iorque, comi Clafoutis pela primeira vez. O desejo me consumia desde que vi um sendo feito no programa Iron Chef America em 2011, só que nele o chef colocava cubos de queijo Gruyére na massa, além das frutas. O que comi no Bar Boulud estava bem gostoso, mas estava descrito no menu como sendo de cerejas e foi nos servido um de frutas vermelhas no lugar, o que me decepcionou um pouco. A temperatura em que foi servido também foi motivo de estranhamento, estava frio quando nos livros que li a recomendação é a de que seja servido morno.

Esta é uma sobremesa leve, quase nada doce, que deve ser acompanhada com chantilly adoçado ou sorvete de baunilha. Mas pode ser servida também no café da manhã, acompanhado de geléia, muita gente faz isso. A massa é a mesma com que se faz panquecas francesas. É uma excelente forma de adoçar de leve um café da manhã de domingo, quando queremos que ele demore e tenha várias comidinhas diferentes pra mastigar e ficar em paz, lendo o jornal. E como é simples de fazer e é excelente figura como sobremesa no jantar, pode ser feito sem culpa pra deixar as visitas extasiadas.

Pois bem. Aqui é tempo de cerejas. Orgânicas, de cor vermelha-escura, lindas! Eu sempre compro quando encontro porque cereja in natura é algo que me trás muitas memórias boas, além de ser uma delícia. No meu aniversário de 15 anos - faço aniversário em dezembro -, minha mãe decorou a mesa com frutas da época e, como encontrou cerejas frescas para comprar, as colocou na mesa também. As frutinhas foram surrupiadas ao longo da festa e eram negociadas no mercado negro - todo mundo queria provar. Consegui recuperar algumas pra mim interceptando um amigo, que as levava espertamente no bolso pra dentro do elevador para comer sozinho.

Comprei um pacote bem farto de cerejas e já tinha em mente que reservaria algumas para fazer Clafoutis. Lembrei que tinha Brie na geladeira esperando destino, juntei a receita do livro da Julia Child e voilá

 

Clafoutis de Cerejas com queijo Brie (rendimento: 6 a 8 ramekins, dependendo do tamanho)

adaptada do livro Mastering The Art of French Cooking, de Julia Child.

Recheio:

3 xícaras de cerejas frescas bem maduras

1 xícara de queijo brie cortado em cubos

Massa:

1 1/4 xícara de leite

1/3 de xícara de açúcar refinado

3 ovos

1 colher de sopa de extrato de baunilha (pode ser essência)

1 pitada de sal

1/2 xícara de farinha de trigo peneirada e nivelada com uma faca

Preparo:

Pré-aqueça o forno a 180 graus. Unte os recipientes com manteiga. Coloque todos os ingredientes da massa na ordem em que aparecem listados, no liquidificador. Tampe e bata-os por aproximadamente 1 minuto em velocidade máxima. Você pode fazer a massa à mão também, como eu preferi fazer. Basta misturar a farinha de trigo aos ovos primeiro e depois ir adicionando os ingredientes restantes. Isso evita que formem-se grumos de farinha na massa.

Montagem: despeje massa até a altura de 2 dedos nos ramekins. Coloque as cerejas descaroçadas e os cubos de Brie. Polvilhe um pouco de açúcar refinado extra por cima das cerejas. Complete com massa até faltar pouco mais de 1 dedo na altura do ramekin. Leve ao forno até que fiquem com a superfície dourada. Espete um palito pra ver se está assado, como faria com um bolo. Retire do forno e deixe esfriar até ficar morno. É natural que murche um pouco, a massa infla bastante quando quente. Sirva* acompanhado de Chantilly adoçado ou sorvete de baunilha/creme.

*Quanto a temperatura para servir, fiz 3 testes: comi quente, morno e frio. E surpreendentemente eu preferi ele frio (não gelado!). Esta massa é um pouco mais lisa e leva menos farinha que a que eu comi no restaurante, talvez tenha sido este o motivo de eu não ter gostado tanto da outra. Esta ficou parecendo um flan. E como o dulçor da massa é bem leve, a temperatura próxima à ambiente favoreceu a percepção dos sabores melhor do que nas outras provas.

Apple Pie: dando graças à mistura de maçã, açúcar e canela.

Quando eu era criança, tentava criar na minha cabeça o aroma de uma torta de maçãs saindo quentinha do forno. Assistindo aos desenhos animados da Disney, perdi a conta de quantas vezes desejei entrar na televisão para comer um pedaço daquela torta. Adorava a representação do perfume que te alcança como um longo braço, te dando uma bela bofetada na cara e fazendo perder a noção de tudo o que está ao seu redor. Eu passei boa parte da minha juventude desejando apenas um naco daquela torta, que sempre me pareceu muito apetitosa. E até hoje, quando sinto o aroma de algo que parece estar delicioso, me lembro da alegoria do braço perfumado em busca de um nariz desavisado.

Fonte: http://www.grundoon.com/Mickey_Mouse_mystery_files/littlewhirlwind1.jpg

Fonte: http://www.grundoon.com/Mickey_Mouse_mystery_files/littlewhirlwind1.jpg

Sempre gostei muito de maçãs, principalmente das de polpa mais firme e sabor ácido, como a Fuji e as Granny Smith. Aqui nos EUA, tenho descoberto algumas outras variedades tão gostosas quanto, como a Pink Lady , a HoneyCrisp e a MacIntosh, maçã favorita do Steve Jobs - não por acaso, nome da linha mais bem sucedida de computadores da Apple.

Maçãs Granny Smith (verdes) e Fuji. As mais ácidas e firmes são ideais para fazer tortas e bolos. 

Maçãs Granny Smith (verdes) e Fuji. As mais ácidas e firmes são ideais para fazer tortas e bolos. 

Há dois anos participei do meu primeiro Thanksgiving. Fomos convidados a passá-lo em casa de amigos, que por sua vez encomendaram toda a comida num restaurante. Eu estava planejando fazer os pratos que se costuma comer nesta festividade típica dos EUA e fiquei um pouco desapontada de não tentar nenhuma receita por conta do convite. Daí, resolvi fazer uma Apple Pie clássica para saciar a minha curiosidade infantil desbravando uma típica receita americana.

apple pie.JPG

A receita publicada aqui é do site de um dos meus parques de diversões aqui em Miami, a Williams-Sonoma. É uma loja tão linda e eu sou capaz de passar horas a fio passeando por lá. O site também é bastante interessante e, por conta do fluxo intenso de brasileiros por aqui, já faz vendas online com entrega em terras tupiniquins. No mais, é isso! Prepare-se para ter a casa perfumadíssima! Difícil vai ser conseguir esperar a torta esfriar pra cortar um pedaço e comer com um bom sorvete de creme. Lá vai:

 

American Apple Pie

Para a massa:

240g de farinha de trigo

60g de farinha de trigo integral

226g de manteiga sem sal gelada

15g de sal refinado

30g de açúcar refinado

45ml (ou mais) de água filtrada bem gelada

Preparo:

Misture os ingredientes secos numa tigela grande e alta. Corte os tabletes de manteiga em pedaços pequenos e junte-os aos secos.

Misture os ingredientes secos numa tigela grande e alta. Corte os tabletes de manteiga em pedaços pequenos e junte-os aos secos.

Com um cornet, pique os pedaços de manteiga rapidamente, misturando-os com os ingredientes, até formar uma farofa. Transfira esta farofa para uma superfície de trabalho limpa e faça um buraco no meio dela. Vá adicionando a água gelada aos poucos, à …

Com um cornet, pique os pedaços de manteiga rapidamente, misturando-os com os ingredientes, até formar uma farofa. Transfira esta farofa para uma superfície de trabalho limpa e faça um buraco no meio dela. Vá adicionando a água gelada aos poucos, à medida em que mistura tudo com o cornet.

Depois, é só fresar a massa, ou seja, espremê-la contra a superfície riscando-a de modo a unir os ingredientes sem muito trabalho mecânico.

Depois, é só fresar a massa, ou seja, espremê-la contra a superfície riscando-a de modo a unir os ingredientes sem muito trabalho mecânico.

Una a massa toda depois da primeira fresa. Provavelmente ela estará pouco uniforme ainda.

Una a massa toda depois da primeira fresa. Provavelmente ela estará pouco uniforme ainda.

Frese novamente e só mais essa vez. Aqui, um exemplo de como fazê-lo sem o cornet. Faça um movimento de riscado (de trás pra frente) com a base da mão, espremendo e riscando a massa contra a superfície. A cada riscado, pegue um pouco de massa. …

Frese novamente e só mais essa vez. Aqui, um exemplo de como fazê-lo sem o cornet. Faça um movimento de riscado (de trás pra frente) com a base da mão, espremendo e riscando a massa contra a superfície. A cada riscado, pegue um pouco de massa. A massa se acumulará do outro lado e estará pronta pra próxima fase.

Forre uma superfície com plástico filme e coloque a massa sobre ele, formando um disco. Embrulhe-a neste plástico e leve à geladeira por 1 hora.

Forre uma superfície com plástico filme e coloque a massa sobre ele, formando um disco. Embrulhe-a neste plástico e leve à geladeira por 1 hora.

Achou complicado? Se tiver um processador em casa, basta fazer a massa nele, é muito mais prático! Coloque todos os ingredientes, exceto a água gelada, no processador e use a tecla pulsar até atingir o ponto farofa. Adicione a água às colheradas, uma por vez, até que forme uma bola lisa, também com a tecla pulsar. Tome o cuidado de misturar a massa de maneira eficiente. Quanto mais vezes você apertar a tecla pulsar, pior ficará a massa. Por quê? Esta massa é da categoria das podres, aquelas que se esfarelam facilmente e desmancham em contato com a boca. Isso acontece por conta da manteiga, mas também porque não desenvolvemos o glúten. Porém, quanto mais força mecânica for empregada durante a confecção da massa, mais se estará desenvolvendo a rede elástica. Se isso acontece, a massa fica elástica quando crua e dura depois de assada. Portanto, cuidado!

Recheio:

É importante que você comece a receita somente depois de ter todos os ingredientes separados e pesados. No caso do suco de limão, deixe para expremê-los mais próximo do uso, pra que o suco não fique amargo.

É importante que você comece a receita somente depois de ter todos os ingredientes separados e pesados. No caso do suco de limão, deixe para expremê-los mais próximo do uso, pra que o suco não fique amargo.

900g de maçãs Granny Smith (a maçã verde)

900g de maçãs Fuji

meia xícara bem cheia de açúcar mascavo

1/4 de xícara de açúcar refinado

1 colher de sopa de canela em pó

1 pitada de sal

q/n de noz moscada (opcional)

60g de amido de milho

suco de 1 limão tahiti grande

Preparo:

O complicado do recheio é a quantidade de maçãs a serem descascadas e picadas. Este procedimento deve ser feito o mais rápido possível, pra evitar a oxidação das maçãs. Uma boa opção é descascar as maçãs e ir colocando-as de molho numa mistura de água com suco de limão (não o que consta na receita, use outro). Depois de descascar todas, picá-las rapidinho e mergulhar os pedaços novamente nesta água. Os pedaços das maçãs devem ficar relativamente do mesmo tamanho, pois deverão cozinhar todos ao mesmo tempo.

Escorra as maçãs e, numa tigela grande, misture à elas os açúcares, a canela, o sal, a noz moscada e o amido de milho. 

Escorra as maçãs e, numa tigela grande, misture à elas os açúcares, a canela, o sal, a noz moscada e o amido de milho. 

Leve-as ao forno (200 graus) em forma antiaderente, coberta com papel alumínio até que as maçãs estejam macias, mas não murchas. Este processo deverá levar algo em torno de 1 hora, então é importante retirar a forma do forno algumas vezes (de 20 em …

Leve-as ao forno (200 graus) em forma antiaderente, coberta com papel alumínio até que as maçãs estejam macias, mas não murchas. Este processo deverá levar algo em torno de 1 hora, então é importante retirar a forma do forno algumas vezes (de 20 em 20 minutos é uma boa) e mexer as maçãs. Retire-as do forno, adicione o suco de limão e mexa delicadamente, deixando o receio esfriar por aproximadamente 30 minutos.  

Montagem:

A massa da torta, como pode-se perceber, é muito chata de abrir. Isso porque ela é uma massa podre, classificada como pesada pela quantidade de manteiga que contém. Como 75% da massa é manteiga, você já pode imaginar como é difícil abrir isso com um rolo. Uma boa técnica foi abrir a metade da massa em cima de uma superfície forrada com plástico filme. A massa não deve ficar muito fina, pois o recheio é muito pesado. Uns 4mm de espessura está ótimo! Leve este disco à geladeira por uns 15 minutos, ou até que ela fique um pouco mais firme, sem ficar dura. Daí, é só virar o disco de massa na forma e fonçá-la, isto é, fazer a massa copiar a forma da forma (com a queda dos acentos, como fica esta frase, heim?). Você pode aproveitar que o plástico ainda está junto à massa pra fazer isso. Retire o plástico com cuidado e deixe as bordas da massa sem cortar por enquanto.

No início, você vai achar que vai sobrar recheio, mas basta ter paciência e montar as lascas de maçã dentro da massa, em camadas, de fora pra dentro. Certifique-se de que todo o caldinho, engrossado com amido de milho, esteja dentro da torta. Ele faz TODA a diferença! Recheio colocado, abra um disco com a segunda metade da massa, da mesma forma que fez com a base. Vire a tampa da massa por sobre a torta, de modo que ela cubra toda a superfície aberta da torta, sobrando um pouco pra vedar as laterais.

Daí você tem duas opções: ou cortar as rebarbas da massa com a ajuda de uma faca de mesa (ou usando os dedos), pressionando de dentro pra fora pra cortar a massa bem rente à forma; ou fazer uma arte com as sobras, torcendo-as para dentro, como se fo…

Daí você tem duas opções: ou cortar as rebarbas da massa com a ajuda de uma faca de mesa (ou usando os dedos), pressionando de dentro pra fora pra cortar a massa bem rente à forma; ou fazer uma arte com as sobras, torcendo-as para dentro, como se fosse tranças. Eu preferi fazer do modo mais simples, porque achei que ia ficar 'massudo' demais, correndo o risco de quebrar tudo no forno na hora de tirar a forma.

Pronto! Torta fechadinha, forno pré-aquecido (205 graus). Faça cortes na superfície da tampa para que o vapor quente da cocção tenha por onde escapar. Se você não fizer isso, vão formar-se bolhas na tampa da sua torta, isso se ela não estourar em algum ponto. Salpique açúcar mascavo na torta e leve-a ao forno. Assea-a até que a massa esteja dourada e crocante, algo em torno de mais 1 hora. É importante ficar atento, porque as bordas da torta podem escurecer antes de a massa estar toda cozida. Tenha à mão papel alumínio para cobrir as bordas caso isso aconteça. Retire a torta do forno e deixe-a esfriar sobre uma grade por aproximadamente 1 hora.

Observações finais: uma coisa que aprendi fazendo esta torta é que ela deve ser assada numa assadeira de cerâmica ou porcelana, ao invés de uma forma antiaderente. Esta torta tem a massa tão delicada e ao mesmo tempo um recheio tão denso que não pode ser retirada da assadeira antes de cortar. E usar faca em superfície antiaderente não dá, né? Portanto, quando fizer a torta de novo, lembrarei deste detalhe.

Pão de queijo

Antes de surgirem os pães de queijo congelados e prontos pra assar, a gente fazia em casa. E lá se vão bem uns 20 anos. Eu me lembro que, de tempos em tempos, minha mãe mudava a receita. A última que fizemos, antes de nos rendermos à facilidade do Forno de Minas, levava purê de batatas na composição. Era uma receita mais complicada e eu confesso que tinha um pouco de preguiça de fazer. Achava que pão de queijo tinha que ser algo mais simples, como o da minha avó. Uma coisa sempre me chamou a atenção: o pão de queijo que eu comia em casa era bem diferente do que eu comia na casa dela. É claro que eu sabia que, como toda receita tradicional, existem milhares de receitas diferentes. Mas parecia que havia um ingrediente diferente ali, eu só não sabia qual. Até que descobri que enquanto minha avó usava o polvilho azedo pra fazer o dela, em Brasília nós usávamos o polvilho doce. As diferenças principais nos resultados são:

  1. Miolo: com polvilho azedo ele fica bem aerado. Já com o doce, o miolo fica compacto e muito mais macio, parecido com chiclete.
  2. Crosta: também muda significativamente: com o azedo, ela fica mais seca e craqueladinha; com o doce, fina e lisa. 
  3. Sabor: com o azedo, obviamente, mais ácido; com o doce, o sabor do sal fica mais perceptível. 

Quando morei em Belo Horizonte, cheguei a ser vizinha da loja da Forno de Minas em sua época áurea (1996), antes da empresa ser vendida para uma companhia americana. Nesta época, eu comia muito a receita deles. Porém, de lá pra cá o meu paladar mudou significativamente e hoje eu já não acho graça. Porém, só comecei a fazer o meu próprio pão de queijo depois que peguei a receita da minha avó. Utilizei a dela pra fazer a entrada que tive de desenvolver pro jantar da minha formatura em Gastronomia. Servi pão de queijo com pernil, petisco que sempre abria as festas na casa dos meus avós. A receita do prato foi publicada no meu blog antigo, o 2Bocados. Mas lá a receita é para 10 pessoas, pois era uma entrada de um jantar de 4 etapas. Mais pra frente eu posto ela aqui. 

Semana passada recebi primos mais que queridos aqui em casa. O contato com eles me aqueceu o coração e me encheu de alegria, porque me transportou para os tempos de criança e adolescência passados em Boa Esperança, cidade de meus avós maternos. Meu primo Vinícius é um irmão pra mim. Brincamos muito juntos e trocamos muitas experiências durante a juventude. Eu o amo de paixão. E a Sara é uma fofa! Num dia, que eles passaram inteiro fora fazendo compras, me deu vontade de recebê-los com pão de queijo à noite. Depois de mais de 10 dias viajando, eles já deviam estar mortos de saudades da comida brasileira, especialmente das quitandas mineiras. Foi aí que eu percebi que ainda não havia registrado minha receita aqui no blog. Por isso, lá vai:

Pão de queijo da vó Teresa

500g gramas de polvilho azedo*

160ml de leite integral

160ml de óleo de girassol

queijo minas curado e ralado**

queijo parmesão ralado**

3 ovos inteiros

10g de sal refinado***

leite pra dar o ponto, se precisar

Modo de preparo:

*Meça, num prato fundo, o volume de polvilho. Transfira-o para uma tigela de vidro ou metal. Numa panela, ferva o leite junto com o óleo, até que o leite cubra a superfície do óleo. Não precisa deixar mais tempo, sob pena de derramar a mistura no fogão. Escalde o polvilho com essa mistura, mexa com uma colher de pau pra diminuir os grumos e deixe esfriar. Assim que a mistura resfriar, adicione os queijos ralados.

** A quantidade de queijo a ser usada na massa deverá ser a mesma, EM VOLUME, que a de polvilho. Por isso é importante medir o polvilho no prato. A proporção dos diferentes queijos deve ser 40% parmesão e 60% minas.

Coloque 2 ovos na massa e misture com a mão, procurando incorporar bem. Dependendo do polvilho usado, você precisará de mais ou menos hidratação. Explico: quando encontro polvilho no supermercado por aqui, normalmente é o YOKI. Esta marca costuma hidratar mais rápido e precisar de menos ovos/leite. Porém, já tem um tempo que não encontro mais o Yoki pra comprar. Tive de recorrer a uma lojinha de produtos brasileiros que tem por aqui e eles só vendem o AMAFIL, que é bem mais seco e fica mais grudento com a mesma quantidade de ovos/leite. Portanto é importante ir incorporando os líquidos aos poucos, pra avaliar e sentir o polvilho e verificar a quantidade certa de hidratação.

Prove a massa. Dependendo do quão salgado é o queijo que você utiliza é que a quantidade de sal será determinada. Deixe a quantidade certa de sal pesada e, depois de provar, determine a quantidade que precisará usar destes 10g. Daí, é só bater junto ao terceiro ovo (como se fosse fazer uma omelete) pra ficar mais fácil de incorporá-lo à massa. Se depois disso ela ainda estiver seca, adicione leite frio aos poucos, até obter a consistência adequada. 

A massa do pão de queijo fica pegajosa nas mãos. Se a sua estiver muito seca, precisará mais leite. Para limpar as mãos, use uma colher de sobremesa pra raspar. 

A massa do pão de queijo fica pegajosa nas mãos. Se a sua estiver muito seca, precisará mais leite. Para limpar as mãos, use uma colher de sobremesa pra raspar. 

Pré-aqueça o forno a 180 graus Celsius (ou 356 fahrenheit). Com a colher de sobremesa, vá retirando quantidades iguais de massa e enrolando nas mãos, untadas com um pouco de óleo. Use formas antiaderentes e não precisará untá-las. Caso use as de alumínio comuns, unte com uma camada fina de óleo. Asse os pães por aproximadamente 25 minutos, começando pela grade de baixo, olhando após primeiros 10 pra ver como evolui o crescimento das bolinhas. Quando perceber que a crosta coagulou (o brilho da massa crua passa para um aspecto opaco) e elas começaram a crescer, mude a posição da assadeira pra a grade de cima e, neste momento, coloque a outra assadeira. Asse por mais 10 minutos ou até que a superfície esteja dourada e, apertando o pão de queijo pelas laterais, ele esteja firme. Sirva quente, com um cafezinho, manteiga, requeijão de copo, presunto, pesto...

A versatilidade do molho pesto.

Não sei dizer quando foi o meu primeiro contato com este molho italiano, mas sei de uma coisa: foi amor à primeira mordida! A combinação entre manjericão, azeite, queijo, castanhas, alho, sal e pimenta do reino é um dos sabores que mais me aproximam de casa. Apesar de não ter nem sombra de ascendência italiana em minha árvore genealógica, adotamos o pesto como nossa melhor manteiga. Sim, o principal uso do molho nas minhas duas casas é passá-lo no pão e comer no café da manhã. O negócio ficou tão sério que hoje comemos até com pão de queijo! Preparo o molho com antecedência e o mantenho na geladeira pra todas as ocasiões. Se surgir uma visita inesperada, o Pesto pode dar um ar mais requintado à um pão de queijo, por exemplo. Gosto também de fazer pra dar de presente, pra levar ao anfitrião quando convidada pra um jantar. E, claro, será sempre útil quando bater aquela preguiça de cozinhar, que de vez em quando acontece. Sempre haverá a possibilidade de fazer uma massa com ele.

Ter manjericão fresco à disposição no Brasil é coisa relativamente recente, pelo menos em Brasília. A medida que foram-se tornando mais comuns os maços de manjericão nos supermercados e feiras da cidade, o Pesto foi conquistando nosso amor. Imagino que uma das causas de sua adoção sejam as saudades com que meu pai conta que, na sua infância, devido à falta de recursos e ao alto preço da manteiga no mercado, comia-se pão com azeite. Juntando a disponibilidade da erva no mercado, o amor do meu pai pelo pão com azeite e a costumeira presença de nozes na casa de minha mãe, foi praticamente impossível não começar esta tradição. No início minha mãe só o fazia com nozes, porque até hoje Pinholi são artigo raro e caro no Brasil. Mas desde que eu assumi a execução da receita, tenho utilizado as castanhas do Pará. Depois que me mudei pra Miami resolvi provar a receita tradicional, já que Pinholi aqui é algo fácil de achar e relativamente barato se comparado ao Brasil. Mas confesso que os feitos com as castanhas brasileiras (a de Caju e a de Baru também ficam sensacionais) têm a minha predileção. Saudades de casa? Vai saber!

Como é uma pasta com a finalidade de passar em pães, costumo fazê-lo com o auxílio de um mixer/liquidificador/processador pra deixar a textura bem fina. Pra massas, prefiro fazê-lo no mortar/pilão de pedra. Desse modo ele fica mais grosseiro e cheio de pedaços que dão mais sabor ao macarrão. É este o estilo italiano de fazer o Pesto!

A receita publicada aqui é de um livro que ganhei de um amigo há bastante tempo. Se não me engano, foi o primeiro livro de gastronomia da minha biblioteca. E a receita de pesto publicada nele, pra mim, é a melhor. É claro que hoje ela é apenas uma referência pra mim, já a executo "de olho". E você pode adequá-la ao seu paladar: se preferir mais alho, menos sal, sem pimenta, queijo parmesão... O importante é fazê-la como aqui está na primeira vez e daí, ir ajustando ao seu gosto. Vamos à ela:

A textura fina é ideal para passar em pães, biscoitos e torradas. Fica boa nas massas também, mas neste caso em prefiro o molho mais "pedaçudo". 

A textura fina é ideal para passar em pães, biscoitos e torradas. Fica boa nas massas também, mas neste caso em prefiro o molho mais "pedaçudo". 

Pesto Genovês (adaptado do livro "Cozinha Italiana Completa"de Antonio e Priscilla Carluccio).

45g de folhas de manjericão

10g de sal marinho grosso*

25g de castanhas de caju

2 dentes de alho descascados e picados

55g de queijo parmesão/pecorino ralado

125ml de azeite de oliva extravirgem.

pimenta do reino moída (opcional, foi incluída na receita por mim).

Modo de preparo:

No processador/mixer/liquidificador: coloque todos os ingredientes e processe até que vire uma pasta verde lisa.

No pilão/mortar: coloque o manjericão, o sal, as castanhas e o alho no pilão e faça movimentos rotativos com a mão do pilão para que o atrito entre as peças triture os ingredientes. Qaundo formar uma pasta, acrescente pouco a pouco o queijo e em seguida, o azeite aos poucos, tudo sem parar de mover a mão de pedra do pilão.

Acondicione num vidro esterilizado, com tampa que vede bem. Feche e deixe na geladeira. Fica mais saboroso se esperar pra usar no dia seguinte. Costuma durar no máximo 10 dias.

*Pese o sal e deixe-o reservado enquanto faz a receita. É que a quantidade de sal da receita será sempre ditada pelo teor de sal existente no queijo que você está usando. Prepare o molho sem o usar o sal e prove-o. Se achar que está sem graça, vá adicionando-o aos poucos. Nesta receita que fiz pra ilustrar o post, por exemplo, usei menos da metade do que está sendo pedido na receita. Meu pecorino estava bom de sal.

Bolo de Limão com Framboesas e Pistache.

Dias atrás eu estava no caixa do supermercado e dei de frente com a Bon Appétitedição especial com receitas de verão. A capa, com uma convidativa torta de cerejas num fundo cor-de-rosa manchado, está tão linda que me foi impossível resistir. Costumo visitar o site da publicação com bastante frequência, porque eles publicam receitas muito bem fotografadas e apetitosas. De vez em quando eu faço algumas delas. Mas dessa vez eu quis ter a revista. E qual não foi a minha surpresa ao me deparar com esta receita! Provavelmente eu não teria acesso à ela tão cedo no site.

Sempre gostei de bolo de limão. A combinação azedinha-doce é uma das minhas preferidas e há várias receitas que a utilizam com perfeição. Na faculdade de gastronomia, tive uma colega que fazia um bolo incrível e volta e meia a gente ganhava uma fatia. Bons tempos... Em confeitaria, a combinação de limão e framboesas é, para mim, uma das campeãs junto a banana com chocolate, goiabada com queijo, mel com especiarias, café com doce de leite ou doce de leite com morango, dentre outras. A inclusão do pistache na finalização do bolo agrega valor e charme, além de ser um elemento crocante que faz diferença incrível no resultado. 

A receita original pedia que eu polvilhasse os pistaches crus na massa, antes de assá-la. Acontece que eu tinha pistaches torrados em casa e não quis sair pra comprar outros. Com receio de eles se queimassem, optei por colocá-los depois da calda, co…

A receita original pedia que eu polvilhasse os pistaches crus na massa, antes de assá-la. Acontece que eu tinha pistaches torrados em casa e não quis sair pra comprar outros. Com receio de eles se queimassem, optei por colocá-los depois da calda, com um pouco de açúcar de confeiteiro pra decorar.

Esta receita dá um resultado muito bom. Bolo aerado, cuja massa contrasta com a cremosidade da framboesa fresca - que cozinhou dentro da massa - passando pela acidez-doce da calda rala de limão, com a crocância dos pistaches moídos por cima. É fácil de fazer, é bonito e vai tornar seu café de tarde mais alegre. Eu fiz algumas alterações na receita original, mas caso você queira consultá-la, basta clicar aqui (em inglês). Por exemplo:

  1. na receita original, pede-se para utilizar azeite de oliva no lugar do óleo que usei. Há a orientação de que se use um azeite que tenha um sabor mais frutado e suave, pra que o resultado final fique a contento. Provei o meu azeite e achei que ele mascararia o sabor delicado do limão. Por isso preferi o óleo de girassol.
  2. Em lugar do extrato de baunilha, resolvi usar extrato de limão que eu já tinha em casa. 
  3. Eu tinha pistaches torrados e salgados aqui. Daqueles pra ficar beliscando em festa. Como era quantidade mais que suficiente eu fiz o seguinte: tirei-os da casca e levei-os ao fogo numa panela, imersos em água fria, até que a água fervesse. Desta forma, extraí o sal e ainda me foi possível retirar aquela película marrom que envolve a castanha, deixando só a parte verde linda do pistache. 
Fatia do bolo pra ver como ficam as framboesas na massa. 

Fatia do bolo pra ver como ficam as framboesas na massa. 

Bolo de Limão, Framboesas e Pistache (Rendimento: 8 fatias generosas)

Óleo vegetal em spray ou manteiga pomada pra untar

1 + 1/4 xícara de chá de farinha de trigo

1 +1/2 colher de sobremesa de fermento em pó

1/2 colher de sobremesa de sal

4 ovos grandes

1  xícara de chá de açúcar refinado

2 colheres de sobremesa de extrato de limão (pode ser essência de baunilha)

2 colheres de sopa de raspas de limão siciliano

1 colher de sopa de suco de limão siciliano

3/4 de xícara de óleo de girassol

1 xícara de framboesas frescas

1/4 de xícara de chá de suco de limão siciliano

1/4 de açúcar refinado

3 colheres de sopa de pistaches não torrados e sem sal. 

Açúcar de confeiteiro pra decorar.

Modo de fazer: 

Pré-aqueça o forno a 180 graus. Unte a forma de 23 cm de diâmetro com o spray ou a manteiga pomada, com a ajuda de um pincel. 

Massa:

Peneire e misture numa tigela a farinha de trigo, o fermento e o sal. Reserve.

Numa batedeira, bata os ovos inteiros com 1 xícara de açúcar refinado (o 1/4 restante é pra calda!), até que a mistura incorpore muito ar e vire um creme bege e fofo. Com a batedeira funcionando, adicione o extrato e 1 colher de sopa de suco de limão, acrescentando depois o óleo, em fio, até acabar. Cuidado pra não colocar o óleo todo de uma vez, vá aos poucos. Bata até que os ingredientes estejam bem incorporados. 

É assim que tem de ficar a mistura de ovos inteiros com açúcar!

É assim que tem de ficar a mistura de ovos inteiros com açúcar!

Misture as raspas de limão à mistura de farinha, fermento e sal e acrescente o batido de ovos. Mexa a massa com um pão duro, fazendo movimentos de baixo para cima, como se estivesse desenhando um círculo na diagonal da tigela. Enquanto faz isso, gire a tigela com ajuda das mãos para que seja possível incorporar os ingredientes o mais rápido possível. É como se você estivesse procurando simular os movimentos de uma batedeira elétrica. 

Verta a massa na forma untada e nivele levemente, se precisar. Mergulhe levemente as framboesas na massa, procurando cobrí-las com a massa. 

Na hora de colocar as framboesas eu dividi a massa em duas e coloquei as frutas no meio, cobrindo com o restante da massa depois. Recomendo que você siga as instruções da receita original: mergulhe-as na massa depois que toda ela estiver na forma, d…

Na hora de colocar as framboesas eu dividi a massa em duas e coloquei as frutas no meio, cobrindo com o restante da massa depois. Recomendo que você siga as instruções da receita original: mergulhe-as na massa depois que toda ela estiver na forma, dando uma leve batida da forma na bancada pra retirar alguma bolha maior de ar, antes de acrescentar as frutas. 

Leve ao forno aquecido por 30/45 minutos. Faça o teste do palito. Saindo limpo do bolo, está pronto. 

Cobertura:

Numa panela, coloque o açúcar e verta o suco de limão por cima, deixando-o tomar conta da superfície e umidecendo o açúcar. Leve ao fogo e deixe ferver até que o açúcar se dissolva por completo. Desligue o fogo e pincele a calda na superfície do bolo ainda quente. 

Pique os pistaches grosseiramente com uma faca e misture 1 colher de sopa de açúcar impalpável a eles. Polvilhe-os por cima do bolo. Sirva morno.

Considerações:

Eu cometi alguns erros que tiveram impacto significativo no resultado final:

  1. Usei uma forma de diâmetro maior. Isso fez com que o bolo ficasse mais baixo do que deveria, deixando as framboesas muito próximas do fundo da forma. Portanto não faça isso! A massa tem de preencher, segundo Harold Mcgee em seu "Dicas para cozinhar bem", entre 2/3 a 3/4 da altura da forma. Já aprendi (quer dizer, lembrei!)
  2. Ao fazer o teste do palito, abri o forno antes do tempo e, ao furar o centro da massa, o ar retido escapou. É possível ver que isso aconteceu na foto onde mostro a fatia cortada: o centro do bolo está mais baixo. Este erro deu-se também em consequência do uso da forma maior, que precisava de mais tempo de forno. Portanto, antes de fazer o teste do palito, dê uma batidinha na porta do forno pra ver se o centro do bolo está firme o suficiente pra ser espetado. Se não estiver, o centro vai se mover mostrando que ainda está meio líquido. As bordas do bolo assam mais rápido. 

Mesmo assim, meu resultado foi bastante bom. O sabor deste bolo é incrível, principalmente quando está ainda morno. É uma excelente opção pra um café/chá da tarde. Na revista há a informação de que o bolo pode ser feito com até 2 dias de antecedência do dia a ser servido. Vou guardar uma fatia pra provar e depois escrevo se vale a pena esperar, ou não. Espero que gostem!

Atualização em 03 de julho 2014: 

Sobre o bolo feito com 2 dias de antecedência, como sugerido na revista, posso dizer que ele permaneceu gostoso, mas que a temperatura ideal para serví-lo é realmente a morna. Aqueci a fatia no micro-ondas por 20 segundos e foi o suficiente. Quando servido assim, o aroma é mais presente e o sabor da calda com os pistaches açucarados é muito mais interessante e divertido do que com o bolo à temperatura ambiente. Sugiro guardar o bolo em recipiente fechado na geladeira. 

Shrimp and Grits: Comfort Food do sul dos EUA

Olá! Você deve ter chegado até o meu blog por causa da receita que o Tiago fez no Masterchef Brasil, né? Seja bem vindo!

Este prato é muito tradicional e, ao contrário do que diz o chef Eric Jacquin no programa, leva bastante queijo do tipo Cheddar. E combina, pode confiar! 

Espero que a receita te inspire a tentar reproduzir o prato em casa. É muito gostosa e, embora seja um prato originalmente criado para ser consumido no café da manhã, pode ser servido a qualquer hora do dia. 

Obrigada por vir! 

_______________________________________________________________________________

Desde que cheguei aqui, tenho visto a oferta de Grits como opção de carboidrato para acompanhamento do café da manhã, uma alternativa às batatas e ao pão. Intrigada, resolvi, dia desses, pedí-lo no brunch de um restaurante de Miami Beach. O prato completo era justamente o Shrimp and Grits, coisa que confesso ter achado estranho como prato para café da manhã. E morri! Pense numa coisa boa?!

Na verdade Grits nada mais são que a nossa famosa canjiquinha no Brasil. Só que aqui é possível encontrá-los de milho amarelo, branco e mesclado. A preparação remete à uma polenta, só que mais grosseira, rústica, como um mingau de aveia. No Brasil, temos o Xerém como preparação semelhante e que é herança portuguesa. Mas a diferença é que aqui os grits são preparados com bastante queijo Sharp Cheddar na composição, conferindo a cremosidade aveludada de uma polenta.

O prato Shrimp and Grits é típico da região sul dos EUA, mais precisamente da Carolina do Sul, que em 2013 teve até um festival na Geórgia. Foi criado como opção alimentícia rápida e que dá "sustância" aos pescadores da região, durante o trabalho. A comida do sul, aqui, é considera a Comfort Food por excelência, uma comida com ares de caseira e que aquece o corpo devido às especiarias e/ou ingredientes, a quantidade de gordura e forma de apresentação - sempre bem quente! Depois de ter experimentado o prato no restaurante e morrido de amores, resolvi tentá-lo em casa, com o auxílio de 2 livros como referência: Best of Home Cooking e Jamie's America. A versão aqui apresentada é mais sofisticada do que a original, do café da manhã dos pescadores. Também substituí o queijo sharp chedar tradicional por minas padrão, que eu tinha na geladeira e clamava por ser usado. Ficou bem bom, viu? ;)

 

Shrimp and Grits - Camarão com Canjiquinha (duas porções):

Grits

1 xícara de chá de canjiquinha amarela

1 xícara de chá de queijo minas padrão, ralado no ralo grosso

30g de manteiga sem sal

pimenta do reino e sal à gosto

3 xícaras de água

Numa panela larga, coloque a água e leve ao fogo até levantar fervura. Coloque a canjiquinha na água fervente misturando sempre, de preferência com um fouet. Mantenha uma leiteira com água fervente reservada, para o caso de necessidade. Quando a canjiquinha estiver cozida (algo em torno de 30 minutos mexendo sempre), adicione a manteiga e o queijo mexendo vigorosamente. Prove o sal e acerte, caso necessário. Pimenta do reino moída na hora. Reserve.

Molho de camarões

2 fatias de presunto de parma, em chips*

40g de bacon em lardons

12 camarões graúdos, sem casca

2 dentes de alho picados

1/2 colher de chá de páprica picante

q/n de Tabasco

q/n de fumaça líquida (opcional)

q/n molho inglês ou Worcestershire sauce

150 ml de vinho branco seco

meio limão siciliano

30g de manteiga sem sal

Salsinha picadinha

sal à gosto

Frite o bacon até que fique bem sequinho. Na mesma gordura, sele os camarões rapidamente (aprox. 2 minutos). Acrescente a páprika, o alho, a manteiga e mexa bem, por volta de mais um minuto. Reserve os camarões. Na mesma panela, junto ao fundo que se formou, acrescente o vinho e deixe-o reduzir pela metade. Junte a este molho algumas gostas de fumaça líquida, o molho inglês, o Tabasco e o suco do meio limão. Prove e acerte o sal, o resultado final é um molho rico, um pouco ácido e levemente picante. Acrescente a manteiga e emulsione-a misturando rapidamente com um fouet. Junte os camarões e aqueça-os rapidamente.

Montagem: sirva a canjiquinha dividindo-a em dois pratos. Sirva o molho de camarões por cima dela e salpique a salsinha picada por todo o prato. Decore com uma fatia de chips de presunto cru e sirva imediatamente. Bom apetite!

*ATENÇÃO: Pra fazer o chips de presunto cru basta assá-las com outra assadeira por cima, pra garantir que elas permanecerão retas durante todo o processo. Asse-as até que elas fiquem crocantes, reserve-as sobre papel toalha. Faça isto primeiro porque os chips não precisam estar quentes para serem servidos.

[Dia sem carne] Berinjela gratinada.

Há muito tempo que eu queria introduzir um dia sem carne no nosso cardápio alimentar semanal. Apesar de considerar que não seria capaz de deixar de comer carne, eu gosto muito de comida vegetariana. Acho que eu como mais vegetais e folhas verdes que a maioria dos vegetarianos convictos que conheci até agora. De toda forma, este era um assunto espinhoso, porque meu marido é um carnívoro de primeira linha. De vez em quando eu dava uma tapeada e fazia um prato vegetariano, mas ele logo acusava a falta de carne. Por isso, nem arrisquei falar sobre isso. 

Acontece que algumas semanas atrás, resolvi assistir ao filme "Forks over Knives", cuja temática é justamente o abuso no consumo de carne, principalmente as processadas, na dieta do homem moderno. O filme aborda as doenças que podem ser oriundas deste alto consumo e propõe uma mudança radical para o vegetarianismo. Como isto está fora de cogitação, a idéia do Meatless Monday era a alternativa que mais me atendia. Enquanto eu assistia ao filme, meu marido sentou-se no sofá e começou a ver também. Numa determinada hora, pensou alto: "É! A gente come um volume muito grande de carne mesmo." Foi a chance que eu precisava! 

Há 3 semanas temos tido um dia sem carne em nosso cardápio. Não é na segunda e nem é fixo, porque se eu avisar com antecedência, acho que Bruno corre. Na verdade até acho que não, porque os pratos que temos comido até aqui, tanto no almoço, quanto no jantar, têm sido escolhas muito felizes e saborosas, que nos tem sustentado bem ao longo do dia. E esta Berinjela Gratinada do site do Jamie Oliver é uma delas. Eu fiz algumas poucas modificações na receita, por falta de ingredientes ou quantidade menor do que a solicitada. Mas o resultado é delicioso! Como fiz muito, Bruno inventou de comer as sobras com espaguete e achou que funcionou muito bem também. No almoço, servi acompanhado de arroz basmati e salada de folhas verdes. Vamos à receita:

Berinjela Gratinada(serve bem a 4 pessoas, com porções grandes.)

*Adaptada de Jamie Oliver. Para ter acesso à receita original, basta clicar no nome dele dstcado no texto.

Enquanto o Bruno comeu as sobras com espaguete, eu as comi frias, com salada. Muito gostoso isso!

Enquanto o Bruno comeu as sobras com espaguete, eu as comi frias, com salada. Muito gostoso isso!

3 berinjelas grandes, com a casca, cortadas em rodelas de 0,5 cm de espessura.

azeite de oliva

1 cebola grande, cortada em cubos pequenos ou ralada.

2 dentes de alho grandes, picados finamente.

orégano seco à gosto.

uma pitada de tomilho seco.

250g de tomates pelados amassados.

1/2 colher de sobremesa de extrato de tomate.

250 ml de caldo de legumes.

sal marinho a gosto.

pimenta do reino preta moída na hora a gosto.

um colher de café de vinagre de vinho branco.

uma mão cheia de folhas de manjericão fresco e lavado.

3 mãos cheias de queijo parmesão ralado grosso, na hora de usar.

2 ramos de tomilho fresco e lavado.

Modo de preparo:

  1. Corte todos os ingredientes e separe tudo o que vai precisar, antes de cortar as beringelas. Corte-as em rodelas e aqueça uma frigideira antiaderente. Separe um pouco de azeite de oliva numa tigela pequena e, usando um pincel de cozinha, pincele a face da berinjela que vai entrar em contato com a panela. Você vai precisar fazer isto algumas vezes, porque vai faltar espaço na panela e as fatias precisam ser bem grelhadas. Assim que precisar virar as fatias (quanto estiverem levemente douradas de um lado), pincele o azeite na parte virada pra cima e vire-as. Repita o processo até que todas as fatias estejam grelhadas. Reserve.
  2. Aqueça uma panela média e funda para fazer o molho. Acrescente um pouco de azeite e refogue a cebola com o orégano e o tomilho secos, até que a cebola esteja transparente. Acrescente o alho e refogue até que ele desprenda seu aroma, tomando o cuidado pra não deixar queimar. Acrescente o extrato de tomate e refogue tudo junto por uns 5 minutos, para que o choque térmico reduza a acidez do extrato. Acrescente os tomates amassados e o caldo de legumes e deixe ferver e reduzir até que o molho fique denso, sem líquido escorrendo. Uma vez reduzido o molho, tempere-o com sal e pimenta do reino à gosto, adicione o manjericão e o tomilho e retire do fogo. 

Montagem:

Arrume as fatias de modo que cubram todo o espaço disponível na travessa. 

Arrume as fatias de modo que cubram todo o espaço disponível na travessa. 

Como uma lasanha, coloque um pouco de molho de tomate ao fundo de uma travessa refratária, suficiente pra não deixar grudar. Faça uma camada de berinjelas, seguidas de uma camada de molho de tomate e uma camada de queijo parmesão ralado. Repita o processo até que acabem as berinjelas e o molho. Finalize com queijo parmesão e leve ao forno aquecido previamente a 180 graus, por aproximadamente 30 minutos. Sirva quente, acompanhado de arroz e salada.

Cookies de Fubá de Canjica com goiabada.

Certa vez, meu avô chegou da fazenda com uma saca de milho verde pra minha avó. Ela olhou pra aquela quantidade de espigas e disse em voz alta: "amanhã eu dou um jeito nisso tudo". No dia seguinte, depois do café da manhã, lá estava ela delegando as atividades que cada um de nós teria de cumprir para que ela atingisse seu objetivo: aproveitar todo o milho, fazendo curau, angu, bolo de milho e pamonha. Foi um dia cansativo, mas bem divertido e feliz, além de muito gostoso. Aprendi com minha mãe a fazer bonecas com as sobras do milho para brincar, coisa que ela fazia muito quando criança. Ela até me ensinou a fazer uma. Brinquei a valer!

Lembrei disso assistindo a um programa sobre gastronomia, The Mind of Chef, da PBS. Vi a chef pâtissière do Momofuku Milk Bar fazendo cornmeal cookies  como se fosse a proposta mais inusitada de todas. Tenho observado que, para os americanos, o milho é um ingrediente de pratos salgados por excelência. É muito difícil ver o ingrediente sendo usado numa sobremesa. Daí o fato dela vangloriar-se tanto do seu biscoitinho!

Numa família mineira, o milho tem uma função alimentar incrível. É um ingrediente tão presente na nossa vida que é impossível não lembrar do estado sem pensar num prato feito à base de milho. Eu não sei dizer um prato típico de que eu não goste. Até o sorvete é bom! Só uma mania do meu avô me intrigava: ele tinha o hábito de encher um prato com leite gelado, goiabada e farinha de milho para comer como sobremesa. Algo como um prato de 'sucrilhos' com o doce mergulhado no fundo, ele comia isso como se fosse a melhor coisa do mundo. Eu confesso que nunca entendi muito bem esta combinação quando era criança. Até tentava imitar, mas não conseguia gostar da farinha de milho ficando molenga dentro do leite. 

Este programa, juntamente com as lembranças imediatamente me deram um clique: por que não fazer um cookie de fubá com goiabada? Usei como referência uma receita de cookies tradicionais que aprendi na faculdade de gastronomia. Fiz um ajustes e a receita nasceu. É simples e rápida de preparar e tem um sabor de Minas Gerais (quem frequenta o estado ou é mineiro percebe imediatamente ao comer). Você pode fazê-la com antecedência e deixá-la congelada pra quando precisar. Surgiu uma visita inesperada? Aqueça o forno, corte-os e ponha-os pra assar. É tão rápido como o pão de queijo, dá uma variadinha no cardápio do café da tarde e não sai de Minas, uai! 

Acabei tirando uma foto do biscoito com um cafezinho porque, mesmo a receita sendo uma versão de um clássico americano, o objetivo aqui é lembrar de casa! 

Acabei tirando uma foto do biscoito com um cafezinho porque, mesmo a receita sendo uma versão de um clássico americano, o objetivo aqui é lembrar de casa! 

Agora, com essa receita, a sobremesa do meu avô faz todo o sentido pra mim. Pra quem não sabe, os americanos consideram o leite gelado como a melhor bebida para acompanhar um cookie, então esta receita é como se eu estivesse comendo a sobremesa favorita do meu avô. 

Fiquei muito feliz com o resultado! Me sinto como se estivesse comendo com ele sua sobremesa favorita, repetindo mentalmente o mesmo balé que ele fazia com a colher pelo prato, fechando os olhos e lambendo os lábios a cada colherada. Espero que gostem:

Cookies de Fubá com Goiabada (rendimento: aproximadamente 30 biscoitos)

120g Manteiga sem sal em ponto pomada

130g Açúcar refinado

30g Amido de milho

1 ovo

225g Fubá de Canjica

5g Fermento químico em pó

100g Goiabada firme, cortada em cubos e polvilhada com um pouco do fubá da receita, pra ficarem soltos uns dos outros.

Ingredientes já pesados e separados para começar a receita. Um passo muito importante para que toda receita, por mais simples que seja, dê certo!

Ingredientes já pesados e separados para começar a receita. Um passo muito importante para que toda receita, por mais simples que seja, dê certo!

Modo de preparo: Na batedeira, usando o batedor tipo raquete, bata a manteiga, o açúcar e o amido de milho até que a mistura fique fofa e branca, algo em torno de 10/15 minutos. Acrescente o ovo e bata até emulsionar, ou seja, incorporar o ovo e atingir um creme aveludado. Com a batedeira parada, acrescente o fubá, o fermento químico e bata devagar, somente para incorporar os ingredientes. Por último, com a batedeira parada novamente, acrescente a goiabada cortada em cubinhos e ligue na menor intensidade, só pra misturá-los à massa. 

Montagem:

Sobre uma mesa ou bancada, abra um filme plástico de aproximadamente 60 cm de comprimento e coloque a massa sobre ele. Espalhe-a como um cilindro, com a ajuda da espátula ou com as mãos e enrole o plástico sobre ela, como se estivesse fazendo um sal…

Sobre uma mesa ou bancada, abra um filme plástico de aproximadamente 60 cm de comprimento e coloque a massa sobre ele. Espalhe-a como um cilindro, com a ajuda da espátula ou com as mãos e enrole o plástico sobre ela, como se estivesse fazendo um salame. 

Gire este pacote algumas vezes pra fazê-lo ficar firme e dê um nó em cada extremidade. Leve geladeira por uma hora se for assá-los em seguida ou coloque no congelador para guardar. A massa pode ficar congelada por 2 meses. 

Gire este pacote algumas vezes pra fazê-lo ficar firme e dê um nó em cada extremidade. Leve geladeira por uma hora se for assá-los em seguida ou coloque no congelador para guardar. A massa pode ficar congelada por 2 meses. 

Embalando os cookies pra presente!

Embalando os cookies pra presente!

Coloque-os em assadeira forrada com papel manteiga ou com um tapete de silicone, pra evitar que os biscoitos grudem. Asse-os a 180 graus por cerca de 20 minutos.

[Receita de Chef] Maçã + castanhas portuguesas + raiz de aipo = sopa dos deuses!

Tem coisas que a gente come e não esquece, né? Quando estive no Bar Boulud no ano passado, comi uma sopa tão perfumada e deliciosa que fiquei com a idéia de tentar replicá-la em casa. Muito tempo se passou entre pesquisas sobre a receita e lugares onde pudesse encontrar os ingredientes certos. Sempre acontecia de eu ter uma parte deles, mas nunca tudo certinho e no ponto pra fazer. Cheguei a testar umas versões com substituições de ingredientes, mas nada que ficasse bom o suficiente pra que viesse registrar aqui. A espera acabou! Encontrei a receita da sopa no livro do próprio Daniel Boulud, publicado no Google Books. Ainda não tenho nenhum livro dele, mas depois de fazer tantas referências a seus pratos e restaurantes aqui no blog, percebi que preciso providenciar um representante em minha estante de livros de gastronomia. E muito provavelmente será o livro que contém a receita da sopa, o Café Boulud.

Um dos fatores que podem complicar um pouco a reprodução desta receita, no Brasil, é o uso da raiz do aipo, muito fácil de encontrar por aqui e que eu nunca vi ser vendida em meu país. Tanto que esta foi a primeira vez que comprei e cozinhei uma na minha vida. Provei um pedacinho dela crua e acho que seu sabor se parece com uma mistura de batata e talos de aipo. Pesquisei por substitutos na internet e só achei ingredientes difíceis de achar em terras tupiniquins (a não ser em fazendas de produtores). Eu cheguei a fazer a receita da sopa usando talos de aipo no lugar da raiz e o resultado não foi muito bom. O sabor ficou muito forte, a textura da sopa não ficou aveludada... Para quem já tinha provado a sopa e sabia qual resultado a ser perseguido, não foi uma boa solução. Portanto, acho que a melhor forma de usar substitutos, neste caso, é com uma fórmula em que 40% do peso da raiz substituído por batatas e 60%, por talos de aipo. As batatas têm de ser aquelas com textura lisa e que não se esfarelem depois de cozidas, para garantir a cremosidade desejada. Já os talos de aipo devem ser muito bem descascados para retirar as fibras externas dos talos.

Raiz de aipo / salsão senhoras e senhores!

Raiz de aipo / salsão senhoras e senhores!

No restaurante a sopa veio acompanhada de um pãozinho e mais nada. Mas no livro, o chef recomenda algumas finalizações chiquérrimas - e que devem ficar deliciosas - como confit de pato desfiado, fatias finíssimas de trufas, pedacinhos de foie-gras ou lascas de presunto cru. Resolvi servi-la só com um raminho de louro pra decorar, achei que seria o suficiente para uma primeira vez de execução correta da sopa. Espero que gostem.


Importante: Esta sopa pode ser refrigerada em recipientes perfeitamente fechados por 3 a 4 dias na geladeira ou ser congelada por até um mês. Ela deve ser servida bem quente!

Sopa de Castanhas portuguesas, raiz de aipo e maçãs (rendimento: 5 porções)

Receita de Daniel Boulud, publicada no livro Café Boulud.


2 colheres de sopa de azeite extra-virgem

1 cebola média, descascada, fatiada finamente.

1 alho poró médio, só a parte branca, fatiado finamente.

2 maçãs fuji (a receita original pede a variedade McIntosh, que eu não encontrei dessa vez) descascadas, descaroçadas e cortadas em pedaços pequenos.

284g de raiz de aipo descascada e cortada em cubos pequenos.

1 folha de louro.

1 ramo de tomilho fresco.

noz moscada moída na hora à gosto.

sal e pimenta do reino branca moída na hora à gosto.

340g de castanhas portuguesas cozidas, descascadas e picadas.

1900ml de caldo de frango claro (eu usei o caldo feito por mim. Como pouca gente anima a fazer caldos em casa, procure usar a variedade com menos sódio que encontrar. Dilua o caldo concentrado na água conforme as instruções da embalagem, até atingir a quantidade solicitada).

125ml de creme de leite fresco.


Modo de fazer:


1) Aqueça o óleo numa panela grande, em fogo médio. Adicione a cebola, o alho poro, as maçãs, a raiz de aipo picada. Junte a folha de louro, o tomilho, a noz moscada, o sal e a pimenta e mexa ocasionalmente por 10 minutos ou até que a cebola e o alho poro estejam macios, sem pegar cor. Adicione as castanhas portuguesas e o caldo de frango frio. Espere ferver. Baixe o fogo o suficiente para que o líquido borbulhe levemente e deixe cozinhar por aproximadamente 40 minutos. Retire a espuma que se formar na superfície durante este período. O ponto que você quer atingir aqui pode ser determinado pela facilidade com que a castanha pode ser amassada por um garfo. Assim que chegar ao ponto certo, adicione o creme de leite e deixe apurar por mais uns 5 ou 10 minutos. Remova a folha de louro e o ramo de tomilho.

2) Bata a sopa usando um liquidificador, um processador ou um mixer de mão, até que ela se torne um purê aveludado e leve, sem pedaços aparentes de vegetais. Passe a mistura por uma peneira para garantir que esteja fina e lisa. Neste momento, você deverá ter algo em torno de dois litros de sopa (a mesma quantidade de caldo que foi colocada na receita). Se houver mais do que isto e/ou a sopa estiver muito rala, leve-a de novo ao fogo até que atinja o ponto napê*. Prove e, caso necessário, ajuste o tempero.


*Napê é aquele ponto que pode ser verificado riscando o dedo nas costas da colher usada pra mexer a sopa. Se as bordas do risco feito na colher permanecer intacta, o ponto foi atingido.

Carrot Cake: como os americanos criaram um bolo de cenoura tão bom quanto o nosso.

Aqui nos EUA há um calendário onde cada dia do ano festeja, nacionalmente, uma guloseima diferente. 2014 já teve o dia da panqueca de blueberry, o dia do Croissant, do bolo de chocolate e até dos salgadinhos de milho! Cada mês é também dedicado a alguma comida, como fevereiro o é às frutas vermelhas frescas. E as semanas também tem sua comida de homenagem! Imagina tentar seguir religiosamente o calendário? Termina-se o ano com quantos quilos a mais?

Dia 3 de fevereiro último foi o dia Nacional do Bolo de cenoura. Para os brasileiros, bolo de cenoura é sinônimo de coisa caseira, feito para o lanche da tarde e coberto com bastante calda de chocolate das mais variadas receitas. Na minha casa sempre foi feita aquela de achocolatado, água e manteiga, que depois de fria fica craqueladinha por cima. Porém, para os americanos, o bolo de cenoura é uma sobremesa, que como tal deve ser bem apresentada, com recheio e cobertura. Vários restaurantes especializados em comida americana o servem com pompa, duas camadas de bolo, recheio e cobertura. É um clássico delicioso que merece ser provado!

Algumas diferenças significativas: enquanto batemos a cenoura no liquidificador com os líquidos e depois misturamos aos ingredientes secos, o que deixa nosso bolo bem amarelinho, na receita americana as cenouras são usadas raladas finamente e podem ter a companhia de frutas como côco, abacaxi e/ou passas e nozes. Além disso eles usam especiarias, que não temos na nossa versão brasileira. Aqui pode-se usar canela, cravo, gengibre, cardamomo, noz-moscada... É quase como um bolo de maçã, daqueles bem ricos. Como qualquer receita clássica, há inúmeras variações disponíveis para experimentar. Eu escolhi uma de um restaurante que figura entre os meus favoritos aqui em Miami, o Yardbird, sobre o qual escreverei em breve aqui no blog. Optei por fazer a receita sem camadas e recheio porque aqui em casa somos só eu e meu marido, 3 camadas seriam demais. Fiz meia receita e este foi o resultado. É um bolo bastante rico, com abacaxi, nozes e passas na massa. Eu gostei demais!

Carrot Cake (rendimento: 10 fatias de bolo com 3 camada, recheio e cobertura)

Para o bolo:


2 xícaras de açúcar (eu usei metade de mascavo).

1 xícara de chá e meia de óleo vegetal.

4 ovos inteiros.

2 xícaras de chá de farinha de trigo.

2 colheres de chá de fermento em pó.

2 colheres de chá de canela em pó.

meia colher de chá de bicarbonato de sódio.

1 colher de chá de sal.

meia colher de café de cardamomo (opcional).

meia colher de café de cravo em pó (opcional).

1 colher de café de gengibre em pó (opcional).

noz-noscada ralada à gosto (opcional).

283g de abacaxi amassado com garfo, sem o miolo.

3 cenouras médias raladas na parte fina.

1 xícara de chá de passas brancas.

1 xícara chá de nozes.


Para o recheio e a cobertura:


284g de manteiga pomada, sem sal.

340g de cream cheese.

284g de açúcar de confeiteiro.

2 colheres de chá de extrato de baunilha (pode ser essência).


Modo de fazer:


Bolo: Pré aqueça o forno a 180 graus. Misture o açúcar com o óleo e junte os ovos inteiros, misturando bem para que fique homogêneo. Peneire todos os ingredientes secos juntos previamente. Junte-os à mistura de ovos, óleo e açúcar. Adicione o abacaxi amassado, as cenouras raladas, as passas brancas e as nozes. Divida a massa em 3 formas redondas, de mesmo tamanho (23 cm de diâmetro). Leve ao forno por 25 minutos. Faça o teste do palito no centro dos bolos. Se sair limpo, estão prontos. Retire-os do forno e deixe-os resfriar.


Cobertura: Numa batedeira, bata a manteiga até que ela esteja lisa. Acrescente o cream-cheese e bata novamente até que a mistura incorpore. Tome o cuidado de raspar o fundo da tigela da batedeira co um pão-duro, para evitar que haja manteiga acumulada sem misturar. Acrescente o açúcar de confeiteiro e bata novamente, em velocidade baixa, para evitar que o açúcar seja jogado para fora da tigela. Acrescente a baunilha. O resultado deve ser um creme levemente amarelado, liso, aveludado e firme. Caso o seu esteja muito macio, como se fosse chantilly, leve-o à geladeira antes de trabalhar com ele.


Montagem: Desenforme os bolos depois de frios. Recheie os dois espaços entre as 3 camadas de bolo e cubra o bolo, usando uma espátula ou saco de confeitar, com o restante da mistura. É bom levar o bolo à geladeira depois disso para que a cobertura fique firme novamente.


Algumas pessoas colocam côco ralado por cima da cobertura. Como meu bolo não tinha côco na composição, achei melhor não colocar nada. Uma idéia legal é cortar uma cenoura em cubinhos, cozinhá-los em calda rala de açúcar até ficarem macios e usar estas cenouras em calda na decoração. Eu preferia fazer uns desenhos com o saco de confeitar.


Fonte da receita: http://www.cookingchanneltv.com/recipes/carrot-cake0.html

[Bom dia!] Ovo no potinho: construindo uma nova rotina de desjejum.

Depois que nos mudamos, ficamos órfãos de nosso ritual de café da manhã. No more cuscuz, tapioca, pão francês estalando de quentinho com requeijão e presunto. Sem falar nos sucos feitos na hora... :( Bom, o fato é que eu tive de construir uma nova rotina matutina com os ingredientes que encontro aqui. Mas também fiquei pensando que mesmo que encontrasse ingredientes brasileiros, tínhamos que aproveitar para usufruir das novas possibilidades. E como, infelizmente, não me é possível viver de Eggs Benedict todos os dias, tratei de ir testando alternativas.

Esta receita é um desbunde de boa! Simples, mas consome um certo tempo de forno pra ficar pronta. A encontrei num site de receitas, acho que o IG, há bastante tempo. Tentei localizar a receita original, mas não encontrei. Fica o registro. Para acompanhar, basta uma torrada com manteiga, café e pronto. Seu dia já começa mais gostoso!

Ovo no potinho

rendimento: 1 porção

1 colher de sopa de azeite

1 colher de sopa de creme de leite fresco

Champignon fresco, fatiado e salteado em manteiga.

1 fatia de presunto cru

1 ovo

sal e pimenta à gosto

água quente para banho maria

Modo de preparo: Pré-aqueça o forno a 180oC. Em um ramekin/ refratário individual, coloque o azeite e unte-a, virando o pote para os lados. Adicione o creme de leite. Forre a lateral do refratário com o presunto cru. Quebre o ovo dentro*. Tempere com sal e pimenta do reino à gosto, regue a gema com um fio de azeite e dobre as bordas do presunto sobre o ovo. Leve ao forno, em banho-maria**, por aproximadamente 15 minutos (vai depender do seu forno, o meu é elétrico e muito potente. Depende, também, da quantidade de ovos que você fizer ao mesmo tempo. De todo modo, muito provavelmente você precisará adicionar mais tempo. Faça isso de 5 em 5 minutos pra não correr o risco de cozinhar demais o ovo e ele ficar duro). Assim que a clara estiver inteiramente cozida e a gema estiver cremosa, estará pronto! Você pode verificar o ponto batendo a mão na porta do forno pra ver se o ovo balança dentro da forma ou se está firme. Mas o mais certo é que você vá ajustando o tempo de forno a seu gosto, à medida que repete a receita.  

*melhor quebrar o ovo num pote separado, pra verificar se está bom. 

**Ferva água suficiente para encher a forma na qual você colocará os potinhos com os ovos. Tome cuidado para não derramar água dentro deles. O volume ideal é metade da altura da forma externa. Mais do que isso, vai te atrapalhar na hora de retirar a forma do forno.

É uma receita versátil e você pode acrescentar outros ingredientes. Eu gosto muito de colocar champignons salteados na manteiga. Adiciono-os logo depois do creme de leite, antes dos ovos. Fica muito gostoso! Colocar queijo brie no lugar do creme de leite também funciona bem. Outra possibilidade é servir acompanhado de aspargos cozidos em água salgada. Se a gema estiver mais pra molinha então, hummm... Ah! Azeite ou sal de trufas pra finalizar fica um luxo. 

Bolo de bananas contrabandeadas

De origem asiática, a banana tornou-se fruta sinônimo de brasilidade por culpa de Carmem Miranda e suas frutas fixadas em seus turbantes. Freddie Mercury usou um cacho delas na cabeça só pra fazer uma homenagem à pequena notável, de quem era fã incondicional e a quem ele era insistentemente comparado. Não por acaso, o gênero ao qual pertence a banana chama-se Musa.

Sempre que minha mãe me perguntava o que eu gostaria que minha irmã trouxesse na bagagem quando viesse me visitar, eu dizia: "-Banana!". Creio que a banana deva ser um dos principais elementos a fazer um brasileiro sentir-se, de fato, expatriado. Pelo menos o é, no meu caso. Você pode adaptar-se bem à nova cidade, ao novo idioma e às novas pessoas, mas jamais se adaptará à banana disponível no novo país. Ela sempre te fará lembrar que você está longe da sua terra. EUA, França e Venezuela são países dos quais tive relatórios contundentes e definitivos sobre a sem-graceza deste fruto de corpo alongado e casca amarela. E olha que a banana daqui é linda! Tão perfeita que parece ser feita de plástico. Mas não tem gosto de nada... Digna de ser denunciada ao Procon por propaganda enganosa.

Por isso o meu pedido à minha mãe. É claro que eu sei que não se pode trazer produtos "in natura" na bagagem. Era tudo uma brincadeira e procurei alertar a minha mãe disso. Mas não é que o amor materno falou mais alto e ela as mandou? Minha irmã foi parada na alfândega por conta disso, mas no fim a oficial deve ter-se compadecido dela, liberando-a com as bananas na mala. Gosto de acreditar que a oficial já tinha provado as bananas brasileiras...

Algumas bananas chegaram bem amassadas. Daí me lembrei de um bolo de banana que faço, que na verdade é uma adaptação de uma receita do Blog Mixirica. O fato é que a adaptação ficou tão boa que acabou virando um dos hits lá de casa. Já fiz até pra dar de presente e bombou! Daí, arregacei as mangas e fiz a casa inteira cheirar a banana e chocolate.

IMG_3386.JPG
A massa do bolo é mais compacta mesmo. Por isso é importante mexer a massa o mínimo possível. Coloque os ingredientes na ordem em que aparecem na receita, menos a farinha. Mexa tudo pra incorporar, acrescente a farinha, as castanhas e o chocolate e …

A massa do bolo é mais compacta mesmo. Por isso é importante mexer a massa o mínimo possível. Coloque os ingredientes na ordem em que aparecem na receita, menos a farinha. Mexa tudo pra incorporar, acrescente a farinha, as castanhas e o chocolate e misture o suficiente pra que sejam absorvidos pela massa.

Aqui o bolo numa outra vez que eu fiz. 

Bolo de Banana, gotas de chocolate e Castanha do Brasil

4 bananas prata, amassadas com o garfo*

2 xícaras de chá de açúcar mascavo (ou 200g)**

1 colher de sopa (8g) de cacau em pó (chocolate em pós tem açúcar. Se for usar, diminua a quantidade do mascavo)

1 colher de sobremesa de extrato de baunilha***

1 colher de sobremesa de fermento em pó (8g)

1 pitada de sal

2 ovos inteiros

1/2 xícara de chá de óleo (100ml)

1/2 xícara de chá de castanhas do Brasil picadas (podem ser outras castanhas)

1 xícara de chá de gotas de chocolate meio-amargo ou amargo

2 xícaras de chá de farinha de trigo

** Se for utilizar aquele mascavo escuro, é melhor usar uma xícara dele e uma xícara de açúcar refinado comum. Isto evita que o bolo fique com gosto muito forte do açúcar mascavo. Também é recomendável provar as bananas antes de adicionar o açúcar. Se elas estiverem muito doces, convém reduzir um pouco a quantidade de açúcar. 

Modo de preparo: Misture todos* os ingredientes numa tigela grande, com exceção da farinha de trigo. Quando estiver tudo bem misturado, acrescente a farinha de trigo e mexa delicadamente até incorporá-la à massa. Verta a massa na assadeira untada e enfarinhada. Cubra a assadeira com um papel alumínio nos primeiros 30 minutos e leve ao forno pré-aquecido (210 graus). Retire o papel alumínio e volte o bolo pro forno. Depois de 10 minutos, faça o teste do palito que deve sair seco. O meu bolo levou 50 minutos pra assar, mas eu usei forma de silicone. Em formas de metal o tempo costuma ser menor.

*A banana ideal para o bolo é quando ela está com a casca bem escura e a casca fina. Ou seja, bem madura! Já fiz este bolo com bananas fora deste ponto e observei que quando as uso ainda com o sabor adstringente, não posso mexer a massa demais. Acontece que a composicão da fruta, neste estágio (com a casca bem amarela e ainda grossa), é basicamente amido e água. E quanto mais você mexe a banana, mais ela se aproxima de uma liga elástica, prejudicando o crescimento do bolo ao final. Por isso, observe que se estiver usando a banana com a casca amarela e grossa, é melhor acrescentá-la à massa ao fim do preparo, junto com a farinha de trigo.

*** Pode ser substítuído pela essência de baunilha. Neste caso, aumente a quantidade para 1 colher de sopa.

Obs.: Cubra o bolo com papel alumínio e deixe os 20 primeiros minutos. Retire o papel alumínio e deixe até soltar das laterais. Faça o teste do palito. A consistência do bolo deve ser úmida. Lembre-se que há gotas de chocolate na massa, que uma vez derretidas, podem confundir na hora do teste. Certifique-se de que espetou o palito em uma parte de massa, não de chocolate!

Rende duas formas de bolo inglês de 22,5x10,5x7 cm ou uma forma de bolo com buraco no meio.