Conforte-me com Cerejas: Clafoutis com queijo Brie.

Da última vez em que estive em Nova Iorque, comi Clafoutis pela primeira vez. O desejo me consumia desde que vi um sendo feito no programa Iron Chef America em 2011, só que nele o chef colocava cubos de queijo Gruyére na massa, além das frutas. O que comi no Bar Boulud estava bem gostoso, mas estava descrito no menu como sendo de cerejas e foi nos servido um de frutas vermelhas no lugar, o que me decepcionou um pouco. A temperatura em que foi servido também foi motivo de estranhamento, estava frio quando nos livros que li a recomendação é a de que seja servido morno.

Esta é uma sobremesa leve, quase nada doce, que deve ser acompanhada com chantilly adoçado ou sorvete de baunilha. Mas pode ser servida também no café da manhã, acompanhado de geléia, muita gente faz isso. A massa é a mesma com que se faz panquecas francesas. É uma excelente forma de adoçar de leve um café da manhã de domingo, quando queremos que ele demore e tenha várias comidinhas diferentes pra mastigar e ficar em paz, lendo o jornal. E como é simples de fazer e é excelente figura como sobremesa no jantar, pode ser feito sem culpa pra deixar as visitas extasiadas.

Pois bem. Aqui é tempo de cerejas. Orgânicas, de cor vermelha-escura, lindas! Eu sempre compro quando encontro porque cereja in natura é algo que me trás muitas memórias boas, além de ser uma delícia. No meu aniversário de 15 anos - faço aniversário em dezembro -, minha mãe decorou a mesa com frutas da época e, como encontrou cerejas frescas para comprar, as colocou na mesa também. As frutinhas foram surrupiadas ao longo da festa e eram negociadas no mercado negro - todo mundo queria provar. Consegui recuperar algumas pra mim interceptando um amigo, que as levava espertamente no bolso pra dentro do elevador para comer sozinho.

Comprei um pacote bem farto de cerejas e já tinha em mente que reservaria algumas para fazer Clafoutis. Lembrei que tinha Brie na geladeira esperando destino, juntei a receita do livro da Julia Child e voilá

 

Clafoutis de Cerejas com queijo Brie (rendimento: 6 a 8 ramekins, dependendo do tamanho)

adaptada do livro Mastering The Art of French Cooking, de Julia Child.

Recheio:

3 xícaras de cerejas frescas bem maduras

1 xícara de queijo brie cortado em cubos

Massa:

1 1/4 xícara de leite

1/3 de xícara de açúcar refinado

3 ovos

1 colher de sopa de extrato de baunilha (pode ser essência)

1 pitada de sal

1/2 xícara de farinha de trigo peneirada e nivelada com uma faca

Preparo:

Pré-aqueça o forno a 180 graus. Unte os recipientes com manteiga. Coloque todos os ingredientes da massa na ordem em que aparecem listados, no liquidificador. Tampe e bata-os por aproximadamente 1 minuto em velocidade máxima. Você pode fazer a massa à mão também, como eu preferi fazer. Basta misturar a farinha de trigo aos ovos primeiro e depois ir adicionando os ingredientes restantes. Isso evita que formem-se grumos de farinha na massa.

Montagem: despeje massa até a altura de 2 dedos nos ramekins. Coloque as cerejas descaroçadas e os cubos de Brie. Polvilhe um pouco de açúcar refinado extra por cima das cerejas. Complete com massa até faltar pouco mais de 1 dedo na altura do ramekin. Leve ao forno até que fiquem com a superfície dourada. Espete um palito pra ver se está assado, como faria com um bolo. Retire do forno e deixe esfriar até ficar morno. É natural que murche um pouco, a massa infla bastante quando quente. Sirva* acompanhado de Chantilly adoçado ou sorvete de baunilha/creme.

*Quanto a temperatura para servir, fiz 3 testes: comi quente, morno e frio. E surpreendentemente eu preferi ele frio (não gelado!). Esta massa é um pouco mais lisa e leva menos farinha que a que eu comi no restaurante, talvez tenha sido este o motivo de eu não ter gostado tanto da outra. Esta ficou parecendo um flan. E como o dulçor da massa é bem leve, a temperatura próxima à ambiente favoreceu a percepção dos sabores melhor do que nas outras provas.