[Florença] Melhor dois dias curtindo esta jóia que só sonhando em visitar...

Berço da família Médici, os criadores do bancos como entendemos hoje, Florença é uma cidade incrível que, infelizmente, visitei por curtos 2 dias e meio. Mesmo assim, as memórias da cidade estão sempre frescas. Aproveitar o que estava disponível pra nós só não foi mais fácil por conta do tempo escasso, mas o gostinho de quero mais que ficou me leva a pensar que já já estarei por lá novamente. 

Vista panorâmica da cidade na Praça Michelângelo.

Vista panorâmica da cidade na Praça Michelângelo.

Perto do hotel em que ficamos, muito bom por sinal, encontramos uma cantina disposta a atender um grupo de 8 pessoas quando faltava menos de 1 hora para a cozinha fechar. Eu, que estava numa expedição culinária regional, não me contive quando vi Ribollita no cardápio e pedi. Antes dela, uma salada e muito vinho. A sopa, que na verdade tem uma textura de quase purê, é feita com vegetais, caldo de vegetais e miolo de pão. Tipo de comida de gente simples e pobre. Os sabores são bem apresentados e o resultado final, apesar de não ter uma apresentação bonita, foi muito bom. 

Ribollita.

Ribollita.

Aliás, quero abrir um parêntese sobre beleza de comida aqui. Nós, no Brasil, estamos numa busca absurda por fazer nossos pratos ficarem bonitos para atrair mais pessoas e tal. Eu percebi na Itália que isso é um sintoma incrível da nossa aclamada "síndrome de vira-latas". A não ser no restaurante estrelado Michelin a que fomos em Roma, todos os outros lugares onde comi os pratos foram apresentados rusticamente como são, sem frescura alguma e com muito orgulho. E digo mais: parte das sobremesas italianas constituem coisas muito semelhantes aos nossos pavês. E enquanto a gente esconde estas coisas no fundo da geladeira, preferindo servir "sobremesa chique", os italianos estão lá, servindo os Tiramisu e as Zuppa Inglese deles do jeitinho que se serve em casa. Fica claro que, muito mais do que o "como servir", a preocupação é "com o ingrediente". Isso faz com que metade da qualidade do prato já esteja garantida. O resto fica a cargo da capacidade do cozinheiro ao reconhecer até onde deve interferir. É claro que apresentação é importante, que a gente come primeiro com os olhos e tudo. Meu ponto é que isso não deve tirar a atenção do sabor e da qualidade do prato. Porque fazer riscos no prato com reduções mil, brunoises e juliennes bem cortadas e servir um prato ruim não dá. Outra coisa que percebi: italianos não servem comidas fumegantes. Não comi nem bebi nada que tenha chegado à minha mesa e tenha sido capaz de me queimar a boca. A ciência da temperatura de servir é algo digno de nota por lá. E chega a ser óbvio: se queimo a língua, passo a não conseguir sentir o sabor da comida propriamente. Fecha parênteses. 

Minha lista de coisas a provar em Florença era gigante. Eu seguia sem encontrar um panetone pra comprar. Queria provar um Lampredotto e já vinha me preparando psicologicamente para comer este famoso sanduíche de tripas, mas o tempo era tão escasso que tive de abrir mão. O jantar daquele dia prometia ser memorável: tínhamos reserva no Il Latini, restaurante concorridíssimo da cidade, que costuma ter uma multidão esperando por mesas assim que eles abrem as portas, às 19h30. Chegamos lá e comprovamos. Era muita gente aglomerada. Parecia rinha de galo. Eu fui indo direto pra porta porque tinha reserva e já sabia da treta. À medida em que chegava perto da entrada, as pessoas foram tentando me barrar. "Eu tenho reserva!" gritei para o rapaz que tomava conta da porta. "8 pessoas!". - Ah, Sra Paula, por favor entre. Eu nunca vi tantas caras furiosas olhando pra mim na minha vida. Meus familiares também foram barrados atrás de mim, uma loucura! Mas todo mundo conseguiu entrar ileso e se sentindo o máximo por ter reserva num lugar tão disputado. Se eu estivesse trabalhando por gorjetas, aquele era o momento de pedi-las. Iria ganhar muitos euros! 

O restaurante é incrível! Você entra e vê um monte de presuntos crus pendurados no teto. A nossa mesa estava lá, enorme, só pra gente. O garçon chegou, se apresentou, nos falou sobre o sistema de funcionamento da casa - à la carte ou menu fechado. Escolhemos e esperamos.

O vinho da casa. Honestíssimo pelo preço/garrafa cobrado.

O vinho da casa. Honestíssimo pelo preço/garrafa cobrado.

Presunto cru, meu amor!

Presunto cru, meu amor!

Salada de farro e torradas com patê de fígado.

Salada de farro e torradas com patê de fígado.

Foi uma festa italiana incrível, culminando em Cotolettas Fiorentinas. Enormes, servidas à maneira deles, muito tostada por fora e quase crua por dentro. Isso significa que se você gosta de carne bem passada vai passar aperto. Porque eles nem perguntam como você gosta do ponto da carne. É assim!

As famosas Cotolettas! Optamos por um menu fechado. Comida e bebida incluídas e à vontade. E era MUITA comida!

As famosas Cotolettas! Optamos por um menu fechado. Comida e bebida incluídas e à vontade. E era MUITA comida!

Fazia tempo que não comíamos carne de verdade! Especialmente eu e meu marido, já que no Sri Lanka a carne bovina é de péssima qualidade. A finalização foi com Vin Santo e Cantuccini. Não havia espaço para sobremesa, infelizmente. Comemos e bebemos muito, os garçons fazendo piada pra nos agradar. Um deles havia morado no Brasil e volta e meia vinha pra dizer o que tinha aprendido sobre nosso país. Meu tio ficou encantado com o vinho da casa e comprou umas 10 garrafas. Saímos todos com a certeza de que foi uma noite memorável de boa comida, ótima conversa, bom vinho e atendimento impecável. Meu pai estava todo feliz. Fomos dormir porque não tinha jeito, o dia já tinha acabado e tínhamos um passeio no dia seguinte à região de Chianti.

O carrossel. 

O carrossel. 

Passamos nosso último dia na Piazza della República. Há uma feira incrível nos fins de semana. Nela você encontra tantas coisas excelentes pra comer e comprar que, se descuidar, passa o dia inteiro. Encontramos alguns brasileiros trabalhando em algumas barracas e daí tudo virava aglomeração. Comemos gorgonzola cremoso, mostarda de cremona feita com castanhas portuguesas, canolo de ricota com pistache e muito gelato! Tomamos cerveja, compramos presentes, andamos no carrossel...

Doces, queijos, pães...

Doces, queijos, pães...

... embutidos, molhos, carnes curadas...

... embutidos, molhos, carnes curadas...

Pratos prontos, Ribollitas, Lampredottos.

Pratos prontos, Ribollitas, Lampredottos.

Muita comida!

Muita comida!

Estes canoli estavam divinos!!!

Estes canoli estavam divinos!!!

Até nos lembrarmos que ali pertinho estava o objetivo principal de nossa passagem pela praça: ao final dela, dobrando à esquerda e descendo alguns metros, observamos estupefatos a Cattedrale Santa Maria del Fiore! Fiquei pensando: "Será que os florentinos já estão tão acostumados com esta beleza que passam por ela sem olharem?". É uma construção tão magnífica que eu lamentei que haja tanta construção ao redor dela. Queria poder me afastar uns longos passos para poder admirá-la inteira. Ao invés disso, me vi circundando-a várias vezes, procurando absorver aquela maravilha que eu tinha diante dos meus olhos. Minha vontade era subir no mirante da torre, mas a fila estava enorme e não daria pra ver muito mais da cidade se fizesse isso. Mas consegui vê-la por dentro! 

É uma construção tão magnífica que eu lamentei que haja tanta construção ao redor dela. Queria poder me afastar uns longos passos para poder admirá-la inteira. Ao invés disso, me vi circundando-a várias vezes, procurando absorver aquela maravilha que eu tinha diante dos meus olhos. Minha vontade era subir no mirante da torre, mas a fila estava enorme e não daria pra ver muito mais da cidade se fizesse isso. Mas consegui vê-la por dentro! 

Os afrescos na parte interior da cúpula. 

Os afrescos na parte interior da cúpula. 

Numa das voltas que dei, encontrei um restaurante bastante escondido e simpático. Consultei meu Foursquare pra ver se era bom e li um monte de italianos elogiando. Estávamos esperando metade do grupo que tinha se desgarrado em compras. Entrei, perguntei se haveria mesa disponível para 8 pessoas. A garçonete fez uma careta e chamou o dono. Ele me disse: "É claro! Vai demorar um pouco, pode ser?". Nos sentamos nas mesas do lado de fora, pedimos um vinho e fomos esperando o povo chegar. Daí, Patrício, o dono, passou a tomar conta da gente. Eu realmente entrei com receio de perguntar se nos atenderiam porque grupo grande é um problema e os italianos são muito práticos. Se é não é não. Diferente do que eu esperava Patrício foi de uma gentileza e simpatia conosco que eu fiquei encantada! Uma hora, minha irmã perguntou algo sobre o menu para ele, em inglês. Ele a interrompeu: "Pode falar português! Tão mais lindo que o inglês. O inglês é uma língua muito pobre!". Ganhou o grupo todo e a gente ficou felizinho tomando vinho lá fora, no frio. Logo a nossa mesa estava pronta e nosso grupo todo já havia chegado. Entramos, pedimos, comemos, bebemos, Patricio fez piadas, falou de futebol e foi tudo uma delícia! A comida estava bem gostosa, comi umas linguiças com feijão que estavam ótimas, mas o melhor do restaurante foi a acolhida. E eu que esperava receber um não logo de cara...

Tem muita coisa pra ver em Florença. Em 2 dias e meio não conseguiríamos ver muita coisa. Mas uma delas eu precisava fazer: ver a escultura original do Davi, de Michelângelo. Primeiro porque eu sempre gostei de esculturas: acho que são a minha expressão artística favorita. Segundo, porque tem uma alegoria psicológica atribuída a Michelângelo onde ele, respondendo a pergunta de como definia o que seria esculpido, disse que o Davi, por exemplo, já estava lá, dentro da pedra. Que ele, o escultor, tinha por trabalho somente ajudá-lo a sair de dentro dela. Terceiro por conta de um artigo divertidíssimo do The New York Times, onde conta-se a história da escultura desde antes de Michelângelo nascer e de como ela está fadada a se espatifar em mil pedaços num terremoto mais severo, caso o governo Italiano não tome as devidas providências a tempo. A Galleria dell'Academia foi construída para abrigar o primeiro Davi. Ao chegar no lugar onde está a estátua você precisa andar por um corredor com obras de Michelângelo dispostas dos dos lados, formando um corredor de esculturas.

Ao chegar no lugar onde está a estátua você precisa andar por um corredor com obras de Michelângelo dispostas dos dos lados, formando um corredor de esculturas. As duas (não tenho certeza se são só duas ou mais) últimas, logo antes do majestoso Davi, são obras inacabadas do mestre escultor e são tão incríveis quanto a sua obra prima. Porque eu poderia passar horas tentando adivinhar o processo de trabalho dele só olhando as marcas dos utensílios utilizados, as formas ainda indefinidas do que viria a ser o trabalho completo. Espetacular! O Davi é realmente de tirar o fôlego. E as outras obras também. Há uma outra sala onde há uns vídeos mostrando processos de escultores e outras coisas interessantíssimas. Valeu a ida à cidade. 

No mais, passeamos bastante, vimos um pouco do que estava mais acessível, passamos pela Ponte Vecchio, fomos à Piazza Michelângelo, de onde pode-se ver a cidade inteira (primeira foto do post), ouvimos músicos de rua, paramos para admirar as esculturas ao ar livre, os artistas que tentavam ganhar a vida mesmo no frio.

Este artista passou o dia reproduzindo esta obra de arte no passeio, com giz de lousa. 

Este artista passou o dia reproduzindo esta obra de arte no passeio, com giz de lousa. 

Florença nos recebeu muito bem e manteve suas portas portas abertas pra quando a gente quiser visitá-la de novo. E pelo que estou sentindo de saudades, não deve demorar muito.

[Produtos] Sarabeth's Jams

Sarabeth's é uma rede de restaurantes especializados em brunch e café de Nova Iorque. A proprietária da marca (advinha o nome dela?) começou fazendo geléia de laranja com damasco pra vender na vizinhança e transformou-se no sucesso que vemos hoje. Comer numa de suas casas é algo memorável e a geléia que deu origem ao seu império continua sendo imbatível! Uma das minhas favoritas, até hoje não consegui encontrar geléia de laranja melhor.

Os outros sabores são bons e inusitados (tem umas que levam ruibarbo, um caule rosado de uma hortaliça, bastante festejado pelos americanos e ingleses e desconhecido por nós.), mas nenhuma das que provei supera a primeira. Vale demais experimentar! Melhor ainda se for num de seus restaurantes. Em tempo: é possível comprar as geléias e outros produtos pela internet. Clique aqui!

Fonte: http://strandedfoodie.com/wp-content/uploads/2013/07/DSC_2647.jpg

Fonte: http://strandedfoodie.com/wp-content/uploads/2013/07/DSC_2647.jpg


A comida e a cidade: Nova Iorque em sua melhor forma!

Na primeira vez que estive em Nova Iorque, cheguei à noite. Durante o traslado do aeroporto para o hotel, assim que avistamos Manhatan, o motorista colocou Frank Sinatra para cantar a música que celebra a cidade que nunca dorme. Isso ficou tão marcado na minha memória que depois disso, procuro vôos que chegam à Big Apple depois que o sol já se pôs. Ver as luzes da cidade e seus prédios monumentais faz-me sentir como se Sinatra cantasse para me receber. Quando não é possível chegar no melhor horário, abro a visita indo ao Empire States à noite, só pra ver a cidade ali, me recebendo e convidando pra eu me perder por suas ruas. 

Estive novamente em NYC na última semana de julho e a sensação de pertencimento me invadiu mais uma vez. Lá eu me sinto em casa. Desde 1997, ano em que lá estive pela primeira vez, a sensação se repete. Lembro-me que tudo o que eu queria quando a viagem terminou era que meus pais me deixassem ficar por lá, pra sempre. Essa vontade permanece. Quem sabe um dia?  Esta viagem de agora tinha por objetivo comemorar o aniversário da minha tia, que fazia sua primeira viagem internacional. Como estou morando em Miami, ela e minha mãe vieram me visitar e aproveitaram para dar uma esticadinha. Acabei sendo convidada para esta semaninha mais que agradável na Big Apple.

Pra todo foodie que se preza, ir à NYC significa algo como ir à Disney. Tenho uma lista de restaurantes que quero conhecer: morro de vontade de comer no Per Se, no Daniel, no Eleven, no Momofoku e fazer um tour pelos Foodtrucks espalhados pela cidade, pra fazer um mapeamento da comida de rua por lá - coisa que nunca experimentei (que vergonha!). Porém, tínhamos uma agenda apertada. Elas me incumbiram de ser sua guia turística e acabamos comendo em restaurantes encontrados pelo caminho. Isso foi bastante interessante e fiquei maravilhada com a tecnologia atual, que nos permite ter um GPS no bolso e internet 3G à disposição para consultar as opções, fazer reservas e consultar o mapa pra ver como fazer pra chegar ao destino.

Alguns dos restaurantes e lanchonetes visitados e listados aqui foram obra pura do acaso, com várias pitadas de Google e Apple MapsTripAdvisor, Foursquare, Opentable e Yelp. Tinha coisa medíocre, como em qualquer cidade, mas também experimentamos coisas muito boas. Abaixo seguem os lugares que foram boas surpresas nas minhas duas últimas idas à cidade:

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/7f/Pret_a_Manger_(6387745805).jpg

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/7f/Pret_a_Manger_(6387745805).jpg

Pret A Manger: Este café/lanchonete é um concorrente inglês do Starbuck's - lugar que frequentávamos até meados de nossa última viagem, em janeiro de 2013. Encontramos a Pret quando buscávamos uma alternativa,  já que a cafeteria da sereia vive sempre lotada e com poucas opções de desejum. Ficamos maravilhados com a variedade para o breakfast! Gostei especialmente dos parfaits e das saladas de frutas, mas o croissants também são bem bons. A rede serve sopa quente no horário do almoço, mas não chegamos a provar, ficou pra próxima. As saladas são boas, os sanduíches idem e eles têm algumas opções de sobremesa, como o Carrot Cake. Vale a pena conferir, tomar um café mais saudável e garantir energia para percorrer as ruas da cidade. Para conhecer mais, ver as unidades na cidade e ver fotos, basta clicar no nome da rede, em azul.

Fonte: http://media-cdn.tripadvisor.com/media/photo-s/03/20/0d/b0/balkanika.jpg

Fonte: http://media-cdn.tripadvisor.com/media/photo-s/03/20/0d/b0/balkanika.jpg

Balkanika: este restaurante foi escolhido por ser localizado próximo ao hotel, mas longe o suficiente da área turística. Lugar frequentando quase que essencialmente por gente que quer matar as saudades da comida de casa, o destaque do restaurante são as entradinhas de pão sírio com pastas variadas, como as de berinjela defumada, pepino com iogurte, pimentão assado, etc. Ao todo são 18 opções, que sozinhas, já garantem uma senhora refeição. Na noite em que fomos, um trio se apresentou com música típica dos Bálcãs. Vale uma conferida!

La Colombe Torrefación: Estávamos indo visitar o memorial do Marco Zero e tínhamos resolvido tomar café no caminho desta vez. Assim que saímos da estação de metrô, alguns passos depois, surgiu esta cafeteria na nossa frente. Um fila gigantesca na porta, entramos e pedimos nossos cafés pra tomar lá mesmo. As louças usadas são lindas (italianas), o café muito bem tirado e o atendimento perfeito.

Fonte: http://bevacco.com/wp-content/uploads/2012/01/bevacco-background-medium1.jpg

Fonte: http://bevacco.com/wp-content/uploads/2012/01/bevacco-background-medium1.jpg

Bevacco: Eu sempre quis atravessar a Brooklyn Bridge à pé. Mas, além de haver um trecho da ponte em reformas, minha mãe estava com problemas no pé esquerdo neste dia. Daí, fomos de táxi. Chegando lá, procuramos um restaurante pra almoçar e achamos este, bem ao lado de onde estávamos. Eram umas duas horas da tarde e o restaurante estava com 20% de seu salão ocupado. Salão muito bem decorado, com cimento aparente e objetos vermelhos. Sentamos, demos uma olhadinha no cardápio enxuto e resolvemos dividir salada, primeiro prato e segundo prato (sugestão da simpática garçonete). Os pratos tem tamanho normal individual, mas quem quer se aventurar na refeição completa de pratos segundo os italianos (Insalate, Primo Piato, Secondo Piato, Dolce), não consegue comer sozinho. Deu pra perceber que o forte da casa não são as sobremesas, mas os pratos antes dela estavam incríveis!

Fonte: http://nymag.com/images/2/daily/food/08/03/07_barboulud_lg.jpg

Fonte: http://nymag.com/images/2/daily/food/08/03/07_barboulud_lg.jpg

Bar Boulud: Apesar de seus restaurantes estarem na minha lista de desejos, este integrante da família de Daniel Boulud foi escolhido por acaso. Tínhamos uma exposição para ver no Lincoln Center e queríamos almoçar primeiro. Este restaurante fica ao lado de outros dois do mesmo chef e foi escolhido por oferecer um menu interessante pré-espetáculos para o almoçoa preço fixo convidativo (US$ 29,00). A atmosfera é bastante interessante, parece que o local foi construído dentro de um túnel. A adega, que fica no piso inferior, é de babar! O atendimento começou meio torto por problemas de comunicação com o garçon indiano e seu sotaque confuso (creio que meu sotaque o atrapalhou também). No meio do almoço houve troca de turnos e a nova garçonete saiu-se bem melhor. Comida pra se abraçar, vale demais ir!

Fonte: http://images.nymag.com/images/2/daily/2010/10/13_carmines_560x375.jpg

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Carmine's: Nosso primeiro contato com este restaurante foi em 97. Localizado na 44st com a 7av, em plena região da Broadway, é um restaurante muito apreciado por turistas nos dias de hoje. Naquela época tinha apenas 2 anos e foi fácil chegar e conseguir lugar na hora, hoje é preciso fazer reserva. O grande lance deste lugar é que nele servem-se, apenas, pratos em tamanhos familiares. Ou seja, as mesas são grandes e vê-se um passa-passa de pratos de mão em mão, como um jantar em casa. Impossível fazer uma refeição à dois, é coisa pra muita gente. A comida é muito boa e o restaurante ficou na memória por dois motivos: a Caesar's Salad - a primeira vez que comi (1997) e a referência por muitos anos, de como se deve fazer uma; e um dos donos da casa - o austríaco Joaquim (40 e poucos anos, alto, olhos verdes, loiro e falando português com um sotaque encantador). Fomos ao restaurante 15 anos depois pra matar as saudades e comemorar o aniversário do meu pai. Não perguntei se o Joaquim estava lá: tem coisas que devem permanecer na memória. ;)

Fonte: http://www.shakeshack.com/wp-content/uploads/2012/04/Gallery_W_3.jpg

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Shake Shack: a rede de fast-food procura oferecer lanches feitos com ingredientes de boa qualidade, sem agrotóxicos e hormônios, num cardápio enxuto e inteligente. Destaque para o 'Shroom Burger, que é o sanduíche vegetariano da casa e é delicioso! Feito com duas cúpulas de cogumelo Portobelo recheadas com um creme de queijo cheddar branco, empanadas e fritas por imersão. Arrisco dizer que é o melhor sanduíche da casa. Melhor até que o Smoke Shack Burger, que vem com muita pimenta vermelha picadinha dentro. Os hot-dogs são muito bons também. Para beber, além dos refrigerantes, há opção de chá gelado, limonada ou os dois misturados. Os sanduíches têm o tamanho semelhante aos dos do McDonald's, ou seja: suficiente para matar a fome, junto com uma porção de batata fritas dividida. 

Fonte: http://images.nymag.com/listings/restaurant/EpicerieBoulud-1.jpg

Fonte: http://images.nymag.com/listings/restaurant/EpicerieBoulud-1.jpg

Épicerie Boulud: Um dos empreendimentos de Daniel Boulud na cidade, esta mercearia chique fica ao lado de outros dois restaurantes do chef. Próximo ao Lincoln Center, é um lugar bacana pra tomar um café acompanhado das mais variadas delícias. Não há cadeiras para se sentar, mas mesmo assim não há como resistir à tentação de dar uma paradinha pra comer uma guloseima. Quando estive lá, eles tinham disponíveis pra venda uns kits para fazer piquenique no Central Park. É só encher a cestinha e correr pra passar momentos muito agradáveis no coração da Big Apple.

Fonte: http://www.theshopsatcolumbuscircle.com/wp-content/uploads/plugins/CustomSlides/slideshows/1311173399/restaurant-bouchon-bakery-05.jpg

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Bouchon Bakery:  Uma das filiais do restaurante mais acessível de Thomas Keller, a unidade que conheci fica no Columbus Circle, dentro do Time Warner Center. É como um café dentro de um shopping center, bastante informal mas com opções incríveis de comida fabulosa a preços acessíveis. Comi um Lombo de porco tão úmido e saboroso que me deu vontade de ficar ali pra sempre, comendo micro pedaços pra que não acabasse nunca. O cardápio é enxuto, mas as opções são bem convidativas. Ah... O suflê de chocolate deles é de morrer!

Nova Iorque é uma cidade nova a cada vez que se vai. Muita coisa pra fazer, desde deixar-se levar sem rumo pelo fluxo das ruas até seguir um roteiro pré-definido. Eu gosto de deixar a cidade me absorver e conduzir. E mesmo tendo repetido alguns lugares nas 3 vezes em que a visitei, a cidade continua sedutora e surpreendente como sempre!

[Buenos Aires] Patagonia Sur

Na última semana de julho de 2011, fui a Buenos Aires para fazer um curso de Cozinha Argentina no IAG. Foi a minha primeira vez na cidade e a primeira em que viajei sozinha ao exterior. Cheguei à cidade junto com um tornado, que fez o tempo mudar absurdamente rápido e cair uma chuva de granizos gigantes enquanto eu era transportada de carro pela Autopista. No primeiro dia tive alguns contratempos: restaurantes que só aceitavam dinheiro (eu costumo andar com cartão de crédito e quase nada de dinheiro na bolsa); o padrão das tomadas argentinas que me impedia de recarregar meu celular; os raros caixas eletrônicos da cidade que me permitiam sacar dinheiro... O fato foi que eu cheguei a Buenos Aires meio de mau-humor com a cidade e ela comigo.

Com a intenção de resolver meu problema mais urgente (recarregar a bateria do meu celular), escolhi uma rua na cidade - como sempre faço quando estou num lugar desconhecido - e me joguei. Andei sem destino até encontrar a tal da Calle Florida. Entrei nesta rua e andei mais um pouco até que vi um ponto daqueles ônibus de City-tour da cidade. Eram mais ou menos umas oito horas da manhã e eu tinha apenas 2 dias para girar livremente pela cidade antes do curso. Resolvi embarcar. Na certa eu veria pelo caminho uma loja revendedora da Apple pra comprar o tal do adaptador e, de quebra, conheceria um pouco a cidade. Teto do ônibus, 13 graus lá fora, nariz congelando, eu tremendo e batendo o queixo, lá fui eu: San Telmo, La Boca, La Bombonera, Caminito... Foi aí que, numa esquina, chamou-me a atenção a fachada vermelha e bem pintada de um restaurante, cujas janelas e porta tinham grades de proteção. Sem indícios de que algo já funcionava por ali, fiquei com esta imagem na cabeça. Mais tarde, de volta ao hotel e com adaptador de tomadas providenciado, resolvi ver os meus guias sobre aquele restaurante misterioso: "Imperdível", diziam todos. Opa!

No dia seguinte, lá fui eu de novo! Desta vez, para descer nos lugares que desejava conhecer. Ao chegar no Caminito, por volta das 14 horas, resolvi ver se o tal Patagonia Sur estava aberto. As grades de proteção tinham sido removidas. Tinha uma campainha na porta de vidro, fechada. Toquei. Nada! Toquei pela segunda vez e surgiu uma mulher jovem, que ao abrir a porta olhou desconfiada para os dois lados e me perguntou se eu desejava almoçar. Resposta afirmativa, fui guiada pelo salão estreito do lugar, que só tinha uma mesa ocupada de 8 lugares. Sentei-me, sentindo que havia adentrado uma sociedade secreta, era uma intrusa num lugar desconhecido. A sensação me encantou. Trouxeram-me água, o cardápio, e me veio o susto: 510 pesos argentinos por couvert, entrada, prato principal, sobremesa e água! Titubeei um pouco, fiquei em dúvida se permaneceria lá. Foi aí que os pratos principais da mesa ao lado chegaram e eu fui arrebatada pelos seus aromas, tal qual o Mickey pelo cheiro do bolo de queijo feito pela Minnie, naquele longínquo desenho da minha infância. O ambiente do restaurante e aqueles aromas me fizeram decidir: eu comeria ali nem que precisasse viver de churros até a minha volta ao Brasil. E aí, Buenos Aires me arrebatou pelo estômago!

Escolhi minhas etapas do almoço e esperei. De resto, só me restam as fotografias abaixo:

Visão que tinha da primeira mesa que ocupei. A que estava ocupada por 8 homens estava exatamente atrás de mim. 

Visão que tinha da primeira mesa que ocupei. A que estava ocupada por 8 homens estava exatamente atrás de mim. 

A mesa posta, enquanto eu esperava. A decoração do lugar é bastante interessante, um rústico-chique que cria certa intimidade. Estantes com livros sobre culinária e apenas 2 garçons, que surgiam de vez em quando. 

A mesa posta, enquanto eu esperava. A decoração do lugar é bastante interessante, um rústico-chique que cria certa intimidade. Estantes com livros sobre culinária e apenas 2 garçons, que surgiam de vez em quando. 

Os pães que foram servidos. Destaque para a Cremoninha fofa (este que parece uma estrela)!

Os pães que foram servidos. Destaque para a Cremoninha fofa (este que parece uma estrela)!

As batatas fritas mais gostosas que comi, em muito tempo. Só perdem para as que a minha avó fazia. Nunca consegui fazer igual e não encontrei nada parecido até hoje. Estas foram cozidas, rasgadas e fritas por imersão, finalizadas com flor de sal.&nb…

As batatas fritas mais gostosas que comi, em muito tempo. Só perdem para as que a minha avó fazia. Nunca consegui fazer igual e não encontrei nada parecido até hoje. Estas foram cozidas, rasgadas e fritas por imersão, finalizadas com flor de sal. 

Las empanadas Mendocinas! Perfectas! Destaque para o vinagretinho de tomates que está delicioso e temperava as empanadas muito bem.

Las empanadas Mendocinas! Perfectas! Destaque para o vinagretinho de tomates que está delicioso e temperava as empanadas muito bem.

Meu principal se chamava "Cordero Siete Horas", cozido lentamente em vinho Malbec, guarnecido de purê de batatas com pinholes e rúcula e servido com o molho reduzido do próprio assado. Eu ainda vou tentar replicar esta receita um dia! Divino.

Meu principal se chamava "Cordero Siete Horas", cozido lentamente em vinho Malbec, guarnecido de purê de batatas com pinholes e rúcula e servido com o molho reduzido do próprio assado. Eu ainda vou tentar replicar esta receita um dia! Divino.

Panquecas de maças carameladas, sorvete de creme e um shot de Dulce de Leche pra fechar. Acompanhei todo o almoço com um copo dágua porque não tinha dinheiro pra harmonizá-lo com vinho. Mas vou te falar que nem senti falta (mentira!). 

Panquecas de maças carameladas, sorvete de creme e um shot de Dulce de Leche pra fechar. Acompanhei todo o almoço com um copo dágua porque não tinha dinheiro pra harmonizá-lo com vinho. Mas vou te falar que nem senti falta (mentira!). 

Não me lembro bem o porquê, mas eu pedi pra trocar de mesa e fiquei de lado pra mesa de homens misteriosos. Alá o Francis Mallman de costas pra mim! Só fui descobrir depois. 

Não me lembro bem o porquê, mas eu pedi pra trocar de mesa e fiquei de lado pra mesa de homens misteriosos. Alá o Francis Mallman de costas pra mim! Só fui descobrir depois. 

Descobri que Francis Mallman é idolatrado como chef na Argentina, talvez do mesmo modo como Alex Atala o é no Brasil. Possui formação clássica francesa, mas em dado momento de sua vida decidiu que só seria feliz como cozinheiro em sua terra natal, executando pratos da cozinha argentina e desenvolvendo ou apurando técnicas para fazer um bom assado. E foi daí que veio a sua fama! Hoje, ele possui, além de dois restaurantes no Uruguai, um em Buenos Aires e um outro em Mendoza que sou louca para conhecer. Abaixo, o próprio cozinhando ao ar livre, uma das suas marcas.