Na primeira vez que estive em Nova Iorque, cheguei à noite. Durante o traslado do aeroporto para o hotel, assim que avistamos Manhatan, o motorista colocou Frank Sinatra para cantar a música que celebra a cidade que nunca dorme. Isso ficou tão marcado na minha memória que depois disso, procuro vôos que chegam à Big Apple depois que o sol já se pôs. Ver as luzes da cidade e seus prédios monumentais faz-me sentir como se Sinatra cantasse para me receber. Quando não é possível chegar no melhor horário, abro a visita indo ao Empire States à noite, só pra ver a cidade ali, me recebendo e convidando pra eu me perder por suas ruas.
Estive novamente em NYC na última semana de julho e a sensação de pertencimento me invadiu mais uma vez. Lá eu me sinto em casa. Desde 1997, ano em que lá estive pela primeira vez, a sensação se repete. Lembro-me que tudo o que eu queria quando a viagem terminou era que meus pais me deixassem ficar por lá, pra sempre. Essa vontade permanece. Quem sabe um dia? Esta viagem de agora tinha por objetivo comemorar o aniversário da minha tia, que fazia sua primeira viagem internacional. Como estou morando em Miami, ela e minha mãe vieram me visitar e aproveitaram para dar uma esticadinha. Acabei sendo convidada para esta semaninha mais que agradável na Big Apple.
Pra todo foodie que se preza, ir à NYC significa algo como ir à Disney. Tenho uma lista de restaurantes que quero conhecer: morro de vontade de comer no Per Se, no Daniel, no Eleven, no Momofoku e fazer um tour pelos Foodtrucks espalhados pela cidade, pra fazer um mapeamento da comida de rua por lá - coisa que nunca experimentei (que vergonha!). Porém, tínhamos uma agenda apertada. Elas me incumbiram de ser sua guia turística e acabamos comendo em restaurantes encontrados pelo caminho. Isso foi bastante interessante e fiquei maravilhada com a tecnologia atual, que nos permite ter um GPS no bolso e internet 3G à disposição para consultar as opções, fazer reservas e consultar o mapa pra ver como fazer pra chegar ao destino.
Alguns dos restaurantes e lanchonetes visitados e listados aqui foram obra pura do acaso, com várias pitadas de Google e Apple Maps, TripAdvisor, Foursquare, Opentable e Yelp. Tinha coisa medíocre, como em qualquer cidade, mas também experimentamos coisas muito boas. Abaixo seguem os lugares que foram boas surpresas nas minhas duas últimas idas à cidade:
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Pret A Manger: Este café/lanchonete é um concorrente inglês do Starbuck's - lugar que frequentávamos até meados de nossa última viagem, em janeiro de 2013. Encontramos a Pret quando buscávamos uma alternativa, já que a cafeteria da sereia vive sempre lotada e com poucas opções de desejum. Ficamos maravilhados com a variedade para o breakfast! Gostei especialmente dos parfaits e das saladas de frutas, mas o croissants também são bem bons. A rede serve sopa quente no horário do almoço, mas não chegamos a provar, ficou pra próxima. As saladas são boas, os sanduíches idem e eles têm algumas opções de sobremesa, como o Carrot Cake. Vale a pena conferir, tomar um café mais saudável e garantir energia para percorrer as ruas da cidade. Para conhecer mais, ver as unidades na cidade e ver fotos, basta clicar no nome da rede, em azul.
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Balkanika: este restaurante foi escolhido por ser localizado próximo ao hotel, mas longe o suficiente da área turística. Lugar frequentando quase que essencialmente por gente que quer matar as saudades da comida de casa, o destaque do restaurante são as entradinhas de pão sírio com pastas variadas, como as de berinjela defumada, pepino com iogurte, pimentão assado, etc. Ao todo são 18 opções, que sozinhas, já garantem uma senhora refeição. Na noite em que fomos, um trio se apresentou com música típica dos Bálcãs. Vale uma conferida!
La Colombe Torrefación: Estávamos indo visitar o memorial do Marco Zero e tínhamos resolvido tomar café no caminho desta vez. Assim que saímos da estação de metrô, alguns passos depois, surgiu esta cafeteria na nossa frente. Um fila gigantesca na porta, entramos e pedimos nossos cafés pra tomar lá mesmo. As louças usadas são lindas (italianas), o café muito bem tirado e o atendimento perfeito.
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Bevacco: Eu sempre quis atravessar a Brooklyn Bridge à pé. Mas, além de haver um trecho da ponte em reformas, minha mãe estava com problemas no pé esquerdo neste dia. Daí, fomos de táxi. Chegando lá, procuramos um restaurante pra almoçar e achamos este, bem ao lado de onde estávamos. Eram umas duas horas da tarde e o restaurante estava com 20% de seu salão ocupado. Salão muito bem decorado, com cimento aparente e objetos vermelhos. Sentamos, demos uma olhadinha no cardápio enxuto e resolvemos dividir salada, primeiro prato e segundo prato (sugestão da simpática garçonete). Os pratos tem tamanho normal individual, mas quem quer se aventurar na refeição completa de pratos segundo os italianos (Insalate, Primo Piato, Secondo Piato, Dolce), não consegue comer sozinho. Deu pra perceber que o forte da casa não são as sobremesas, mas os pratos antes dela estavam incríveis!
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Bar Boulud: Apesar de seus restaurantes estarem na minha lista de desejos, este integrante da família de Daniel Boulud foi escolhido por acaso. Tínhamos uma exposição para ver no Lincoln Center e queríamos almoçar primeiro. Este restaurante fica ao lado de outros dois do mesmo chef e foi escolhido por oferecer um menu interessante pré-espetáculos para o almoço, a preço fixo convidativo (US$ 29,00). A atmosfera é bastante interessante, parece que o local foi construído dentro de um túnel. A adega, que fica no piso inferior, é de babar! O atendimento começou meio torto por problemas de comunicação com o garçon indiano e seu sotaque confuso (creio que meu sotaque o atrapalhou também). No meio do almoço houve troca de turnos e a nova garçonete saiu-se bem melhor. Comida pra se abraçar, vale demais ir!
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Carmine's: Nosso primeiro contato com este restaurante foi em 97. Localizado na 44st com a 7av, em plena região da Broadway, é um restaurante muito apreciado por turistas nos dias de hoje. Naquela época tinha apenas 2 anos e foi fácil chegar e conseguir lugar na hora, hoje é preciso fazer reserva. O grande lance deste lugar é que nele servem-se, apenas, pratos em tamanhos familiares. Ou seja, as mesas são grandes e vê-se um passa-passa de pratos de mão em mão, como um jantar em casa. Impossível fazer uma refeição à dois, é coisa pra muita gente. A comida é muito boa e o restaurante ficou na memória por dois motivos: a Caesar's Salad - a primeira vez que comi (1997) e a referência por muitos anos, de como se deve fazer uma; e um dos donos da casa - o austríaco Joaquim (40 e poucos anos, alto, olhos verdes, loiro e falando português com um sotaque encantador). Fomos ao restaurante 15 anos depois pra matar as saudades e comemorar o aniversário do meu pai. Não perguntei se o Joaquim estava lá: tem coisas que devem permanecer na memória. ;)
Fonte: http://www.shakeshack.com/wp-content/uploads/2012/04/Gallery_W_3.jpg
Shake Shack: a rede de fast-food procura oferecer lanches feitos com ingredientes de boa qualidade, sem agrotóxicos e hormônios, num cardápio enxuto e inteligente. Destaque para o 'Shroom Burger, que é o sanduíche vegetariano da casa e é delicioso! Feito com duas cúpulas de cogumelo Portobelo recheadas com um creme de queijo cheddar branco, empanadas e fritas por imersão. Arrisco dizer que é o melhor sanduíche da casa. Melhor até que o Smoke Shack Burger, que vem com muita pimenta vermelha picadinha dentro. Os hot-dogs são muito bons também. Para beber, além dos refrigerantes, há opção de chá gelado, limonada ou os dois misturados. Os sanduíches têm o tamanho semelhante aos dos do McDonald's, ou seja: suficiente para matar a fome, junto com uma porção de batata fritas dividida.
Fonte: http://images.nymag.com/listings/restaurant/EpicerieBoulud-1.jpg
Épicerie Boulud: Um dos empreendimentos de Daniel Boulud na cidade, esta mercearia chique fica ao lado de outros dois restaurantes do chef. Próximo ao Lincoln Center, é um lugar bacana pra tomar um café acompanhado das mais variadas delícias. Não há cadeiras para se sentar, mas mesmo assim não há como resistir à tentação de dar uma paradinha pra comer uma guloseima. Quando estive lá, eles tinham disponíveis pra venda uns kits para fazer piquenique no Central Park. É só encher a cestinha e correr pra passar momentos muito agradáveis no coração da Big Apple.
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Bouchon Bakery: Uma das filiais do restaurante mais acessível de Thomas Keller, a unidade que conheci fica no Columbus Circle, dentro do Time Warner Center. É como um café dentro de um shopping center, bastante informal mas com opções incríveis de comida fabulosa a preços acessíveis. Comi um Lombo de porco tão úmido e saboroso que me deu vontade de ficar ali pra sempre, comendo micro pedaços pra que não acabasse nunca. O cardápio é enxuto, mas as opções são bem convidativas. Ah... O suflê de chocolate deles é de morrer!
Nova Iorque é uma cidade nova a cada vez que se vai. Muita coisa pra fazer, desde deixar-se levar sem rumo pelo fluxo das ruas até seguir um roteiro pré-definido. Eu gosto de deixar a cidade me absorver e conduzir. E mesmo tendo repetido alguns lugares nas 3 vezes em que a visitei, a cidade continua sedutora e surpreendente como sempre!