[Savannah] Mrs Wilkes Dining Room

Toda vez que viajamos é a mesma história. Não costumo estudar muito sobre a cidade a ser visitada, porque gosto de me deixar levar pelo momento e pelos lugares onde estou. Somente tomo conhecimento de alguns pontos importantes, levando em conta o tempo disponível para passear pelo lugar. Porém, uma coisa eu sempre faço: a pesquisa de restaurantes. Em nossa passagem por Savannah, tínhamos apenas 2 dias para curtir a cidade e procurar senti-la como se fôssemos locais. Isso impediu que fizéssemos muita programação, mas assim que li a respeito do Mrs. Wilkes Dining Room eu achei que era uma boa idéia dar uma olhada. 

A plaquinha na entrada da casa.

A plaquinha na entrada da casa.

Eu sabia que haveria fila. Mas como estávamos passeando numa praça relativamente próxima, chamei minha sogra e meu marido pra dar uma chegadinha, sem compromisso. Durante o percurso, fui dando as informações em doses homeopáticas pra não assustar o Bruno, que costuma resistir bastante quando o programa envolve fila e tempo de espera. Algumas informações básicas: o lugar abre somente durante a semana, no horário de almoço (entre as 11h00 e 14h00), só aceita dinheiro (18 dólares por pessoa quando fomos, mais a gorjeta), as mesas são grandes - comportam 10 pessoas - e quando você finalmente se senta, os pratos já estão servidos. Chegamos e demos de cara com uma fila de umas 100 pessoas. Bruno olhou pra mim com aquela cara de "você só pode estar brincando comigo", quando eu resolvi dar uma assuntada sobre o funcionamento do restaurante com as primeiras pessoas na fila. "Qual a lotação do local?", "Sabem se demora muito pra andar a fila?", "Vale realmente a pena esperar?". Uma das senhoras respondeu que eu tinha de ficar, que não haveria outra oportunidade, que era uma experiência ótima que eu iria amar a comida e tal. Quando eu respondi a ela que eu já imaginava de tudo isso, mas que teria de tentar convencer meu marido que odeia filas (eu apontei pra ele quando disse isso), ela não teve dúvidas: foi lá conversar com ele. E o convenceu! <3

A fila que encontramos.

A fila que encontramos.

Fomos pra fila e eu comecei a me sentir culpada. Nem bem havíamos chegado à cidade e já estávamos presos a uma fila. Eu quis desistir, mas Bruno não deixou. Com uma cara de incômodo, disse que agora iríamos esperar até o fim. Depois que relaxei, foi possível ver que a fila em si já era uma grande diversão. Gente de todas as idades, de todos os lugares possíveis - a maioria americanos - conversando alegremente. Famílias inteiras esperando, pacientemente em pé, pra comer naquele restaurante que me lembrava um pouco o Brasil, especialmente Minas Gerais, com a transformação da própria residência em um restaurante familiar. Lembrei, também, da fila de espera do Mocotó, em Vila Medeiros - SP, que também é bem animada, com o plus de os garçons servirem bebidas e petiscos pra que nós não desistíssemos da empreitada. Na fila do Mrs Wilkes somente havia a alegria de compartilhar a experiência de comer num restaurante famoso, que servia comfort food americana e onde até Barack Obama já comeu. Se você considerar que estará engatado num papo animado na fila (para os fluentes em inglês) vai ter a impressão de que a fila anda rápido. 

Esperamos em torno de 1 hora e 15 minutos pra entramos no restaurante. A mesa já estava posta. Tomamos nossos lugares e uma das funcionárias veio nos perguntar o que gostaríamos de beber. As opções? Chá gelado, com ou sem açúcar e água. Mais nada. Escolhidas as bebidas, paramos pra dar uma olhada em tudo o que tínhamos disponível pra provar. Uma tigela de feijão, lindo e brilhante, me chamou a atenção e eu tive o impulso de encher meu prato com ele e o arroz que tinha visto adiante. Até que pensei que era melhor experimentar antes, pois se tratava de comida americana. Dito e feito: era Baked Beans, prato a base de feijão que tem entre seus ingredientes maple syrup, açúcar mascavo e ketchup, o que o torna doce. Imagina se eu tivesse enchido o prato!? ;)

Uma parte da mesa que já estava posta quando chegamos.

Uma parte da mesa que já estava posta quando chegamos.

No total, acho que eram umas 20 travessas, das mais variadas coisas. Mais da metade deles, era composta de acompanhamentos. A medida em que íamos nos servindo, a sensação era como se nós estivéssemos numa ceia de Thanksgiving, só que sem o Peru assado. Muitos pratos eram os mesmos acompanhamentos clássicos da comemoração de Ação de Graças. A comida é boa e a atmosfera do restaurante, junto ao clima familiar que permenece enquanto você passa a travessa de Barbecue e pede a de Biscuits, é que são a principal atração do lugar pra mim. Foi a experiência que mais me fez sentir como "local" por aqui, até hoje. 

A estrela do cardápio: frango frito!

A estrela do cardápio: frango frito!

No fim, depois de ter experimentado de tudo um pouco, a funcionária chega com porções diminutas de sobremesa. Duas opções: Banana Pudding ou Peach Cobler. Neste momento você escuta a líder da equipe do salão chamar a atenção de todos, avisando: "É tradição da casa que todos levem seus pratos, copos e talheres usados para a cozinha após terminar!". Quer coisa mais casa de vó do que isso? Saímos satisfeitos e felizes, com a sensação de termos almoçado em casa de amigos. Bruno foi o que saiu mais entusiasmado!