O que é que a China tem? Para além de Pequim e Xangai.

Todo país tem as cidades mais famosas que povoam o imaginário do turista. No Brasil, todos querem ir ao Rio de Janeiro e a São Paulo. Nos EUA, Nova Iorque e São Francisco são as queridinhas. E quando se fala em China, Pequim e Xangai são as que vêm imediatamente à cabeça. Notem que as cidades famosas sempre têm algum contraponto em si: uma para negócios, outra para lazer. Uma de povo mais sério e focado no trabalho, uma cuja população é mais tranquila e que aproveita mais a vida.

Quem costuma ir além do óbvio em suas viagens sabe que esses países têm muito mais a oferecer. A China não é diferente. Então, resolvi criar um post que será alimentado à medida em que viajo pelo país. Só pra dar um gostinho da dimensão territorial, da riqueza gastronômica e da beleza das paisagens e pessoas que encontramos no Reino do Meio (Zhong Guo, o nome real da China para os Chineses).

Xi’An

O mais legal dos guerreiros é ver que eles foram encontrados em um estado em que parecem mesmo ter ido para uma guerra.

A cidade, famosa pelos Guerreiros de Terracota, tem muitas outras atrações. Tão legais - ou mais interessantes - quanto o exército construído para defender o imperador no pós-vida.

Perto do por do sol vale a pena ir andar de bicicleta pela muralha da cidade antiga.

A muralha da cidade é um capítulo a parte: você pode alugar bicicletas e andar em cima da muralha pelos quatro cantos. Uma excelente maneira de passar uma tarde.

Perguntei à guia o que eram estas bolotas coloridas e ela respondeu: “SORVETE”. Não provei, mas vi que realmente elas são passadas em uma especie de gelo seco.

Outro ponto obrigatório é o Quarteirão Muçulmano, onde você encontra comidas deliciosas e um povo que é Chinês, mas com um quê de diferente na fisionomia. Aqui, o viajante começa a perceber que existem muitas diferenças entre o povo do país.

Chongqing

Nós só passamos por Chongqing pra pegar o barco pra passearmos pelo rio Yangzi.

Uma das maiores cidades do mundo e da qual você muito provavelmente nunca ouviu falar. É uma cidade montanhosa e uma das únicas onde não há bicicletas de aluguel disponíveis por motivos óbvios. A cidade tem vários níveis e pedir um Didi (Uber chinês) pode ser mais difícil do que parece. Fica às margens do rio Yangzi e é de onde saem cruzeiros de 4 dias pelas maravilhosas Gargantas do rio, criadas quando da construção da usina hidrelétrica das 3 gargantas, a maior hidroelétrica do mundo. Um passeio incrível, em barcos chinesões (mas com acomodações melhores do que muito transatlântico por aí). Vale demais fazer este passeio!

Esta vista é famosa e estampa uma das notas do Reminbi, o dinheiro do povo chinês.

Este foi um passeio em barcos pequenos num dos afluentes do rio Yangtzi.

Suzhou

Centro moderno de Suzhou.

Cidade de canais, tem muita água por aqui. É uma cidade muito rica, famosa pelos seus jardins e ruas que avizinham os canais.

Suzhou é famosa pelos jardins. Este é um dos mais procurados, o Jardim do Administrador.

Um dos muitos canais que a cidade tem. Este fica perto do Jardim do Administrador. É pegar um barquinho e curtir.

Suzhou ainda tem algumas cidades menores e conurbadas muito interessantes, como Tongli. 3 dias em passo apertado dão para ver o melhor da cidade. Mas, se você gosta de andar à toa e se deixar levar pela energia do lugar, talvez uma semana seja melhor.

Passeio de barco em um dos canais da cidade de Tongli.

Nanjing

Por do sol na cidade de Nanjing.

Uma das antigas capitais do país, é famosa pelas universidades e por um massacre promovido pelos japoneses pouco antes da segunda guerra mundial. Aqui a gente começa a entender que a relação entre a China e o Japão sempre foi um tanto quanto conturbada e a história da passagem dos japoneses por aqui não é nada bonita. A cidade foi sede da República da China, antes de o país se tornar comunista. Tem muitas coisas interessantes pra fazer e visitar, mas a cidade é conhecida como um dos “4 fornos da China”. É quente e úmida, portanto melhor para visitar na primavera e no outono.

O templo de Confúcio de Nanjing é muito famoso.

Mausoleo de Sun Yat Sen, que ficou pra trás na China continental depois da fuga dos Kuomitang pra Taiwan.

Chengdu

Casa de chá centenária há uma hora de carro do centro de Chengdu.

A capital da província cuja comida é considerada a melhor dentre todas as regiões chinesas. É cidade irmã do Recife, quente, movimentada. É famosa também pelas casas de chá antigas. Fomos a uma centenária na região metropolitana. Confesso que ficamos na cidade somente 1 dia e meio e não pudemos aproveitá-la como merece. Precisamos voltar.

O Buda de Leshan

Mas fomos à Leshan, lugar onde fica a maior estátua de Buda esculpida em rocha do mundo. Muito antes de vir morar na China, quando assisti o episódio de “Parts Unknown” do Anthony Bourdain, era o lugar que eu mais tinha vontade de conhecer. Mais do que a Muralha da China. E vale a pena. Há duas formas de visita: à pé, onde você precisará subir e descer escadas por um longo período de tempo - cansativo, mas com suas recompensas. E de barco, onde dá pra ter uma visão privilegiada da estátua se fazer muito esforço.

Hora do almoço.

Chengdu também é onde fica o Santuário de preservação dos pandas.


Dunhuang / Jiayuguan (PROVÍNCIA DE GANSU)

No deserto do Gobi, visitando outras partes do complexo da “Grande Muralha da China”.

Fica no noroeste do país. Considerada durante o período da Rota da Seda como “o Portal para a China". Aqui você pode ver resquícios de uma parte do complexo de muralhas (não existe uma "Grande Muralha” da China como ouvimos falar. São vários trechos, construídos em épocas diferentes, materiais locais e com propósitos distintos).

Forte que faz parte do complexo da muralha de Jiayuguan. Aqui era considerado a “Porta para a China”.

No canto superior direito, o início da muralha.

Isto que parece um livro aberto é parte do que um dia foi a muralha em Dunhuang. As muralhas eram feitas com o material que se encontrava por perto. Esta parte era feita de fibras naturais e terra.

Também tem comida muito boa, com um quê de mistura entre comida chinesa e do Oriente Médio. Destaque para as cavernas Mogao, espécie de coleção de templos budistas esculpidos em rocha.

Complexo de cavernas budistas Mogao.

Réplica do interior de uma das cavernas.


Dali / Lijiang / Shangri-La (Yunnan)

Feira noturna na cidade de Kunming, capital da província de Yunnan.

Provincia a sudoeste do país, exibe gastronomia rica por dois motivos:

  • várias minorias étnicas residem na província, inclusive da etnia Mosul, cujos costumes eu li sobre há mais de 25 numa reportagem da Marie Claire e nunca esqueci. Além do trio de cidades mais famoso, recomendo uma estada em Shaxi, cidadezinha com centro histórico bastante preservado, comida ótima e ar bucólico.

  • a provincia tem fronteiras com o Tibete, Vietnam e Myanmar, o que faz com que seus pratos sejam mais leves e tenham presença mais substancial de ingredientes mais parecidos com os do sudeste asiático.

Desejos dos visitantes em Lijiang.

Os chineses gostam de provar trajes locais para tirar fotos. E isso você vai ver em todo lugar do mundo onde houver um turista chinês. Aqui, no lago azul ao pé da montanha em Lijiang. É um parque imenso, com subida à montanha até mais de 4 mil metros acima do nível do mar, parque para passeio ao ar livre e este lago aí, que fica azul deste jeito por conta de um composto químico que ocorre naturalmente (dizem) na região.

A China é um lugar excelente para observar as pessoas levando sua vida cotidiana. É um povo alegre e extremamente gentil (e curioso) com o estrangeiro.

Mosteiro de Deqen, em Shangri-Lá. Como aqui já é fronteira com o Tibete e parte desta minoria vive por aqui, a arquitetura e os costumes já são bem mais tibetanos. A altitude aqui é considerável e muita gente precisa comprar oxigênio para dar conta do mal de altitude. Eu, que tenho asma, usei bastante porque ficava muito cansada. Mas, o passeio vale bem a pena!

Aqui, se você fizer um tour por vilarejos de minorias diferentes, verá um sem fim de trajes típicos para as mulheres, com chapéus incríveis e roupas coloridíssimas. Destaque também vai para o vilarejo de Cizhong, onde há uma igreja católica frequentada pela minoria tibetana de Yunnan. Vale ir e assistir a uma missa.

Estivemos em Cizhong no natal e vimos esta festa aí. Nos lembrou uma festa junina, mas era a celebração do nascimento de Cristo. Yunnan é muito diversa! Fomos 3 vezes ã província e ainda não conseguimos ver tudo.

Guizhou

Guiyang é a capital da província de Guizhou. Vale a pena dar uma passada na capital pra fazer um tour gastronômico.

Outra província incrível quando se trata de vilarejos, telhados e volta no tempo. Minorias, roupas e adereços de cada uma delas, arrozais. Como é uma província mais montanhosa, demanda mais tempo de deslocamento de carro entre uma cidadezinha e outra. Mas com estradas em ótimo estado e bons hotéis com serviço honesto.

Em Guizhou há vilarejos onde você pode curtir os telhados das construções antigas e ver como era a China rural há bem pouco tempo.

Hoje em dia há poucas pessoas vivendo nestas vilas. Em sua maioria, mulheres, crianças e velhos. Nesta vila pudemos ver como era as casas que tinham porcos vivendo no primeiro piso. O caracter de “casa”em mandarim é um porco embaixo do telhado, o que significa entre outras coisas, a riqueza de ter o que comer.

Guizhou, e outras províncias do sul, é famosa também pelos seus arrozais.

Zhangjiajie

A fotografia não consegue captar a magnitude destas estruturas no parque. É sensacional!

Se você já assistiu a filme “Avatar”, nesta cidade há um parque nacional onde ficam as estruturas rochosas que inspiraram as do filme. A sensação é muito parecida à das visitas a mirantes em grandes cidades para ver os arranha-céus. As rochas são como imensas estalagtites, que acabam te lembrando prédios de uma grande cidade. O parque é grande, sempre muito cheio e demanda ao menos dois dias para visitar. Um pra ver as estruturas de cima. Outro pra caminhar junto aos riachos formados próximos às rochas. É muito bonito! Ah! A descida tem de ser feita de teleférico/ bondinho. A sensação de flutuar sobre as rochas é maravilhosa!

Perto desta cidade, há também um outra formação rochosa muito famosa “Tianmenshan”. Impossível vê-la ao chegar e não se lembrar de “Staiway to Heaven” e “Knocking on Heaven’s Door”. A subida pode ser feita colocando seus joelhos para enfrentar pouco mais de 900 degraus (com direito a sempre olhar pra porta do céu), ou por escadas rolantes, onde não há vista, mas seus joelhos agradecem.



Yangshuo

A vista que tínhamos do nosso café da manhã no hotel.

Um dos lugares mais bonitos da China continental. É incrível passar uns dias aqui, deixando o tempo te absorver ao assistir jangadas de bambu descendo o rio. Andar de bicicleta, fazer um passeio de balão… Aqui o tempo corre diferente.

Vista do passeio de balão que fizemos.