Eu nunca consegui ver Brasília com olhos de turista. Afinal, nasci e morei nesta cidade mais da metade da minha vida; a vi crescer e desabrochar. Eu achava que desta vez eu poderia fazer este relato sob este ponto de vista, mas me enganei. Porque, com tanta história aqui, eu não consigo deixar de visitar lugares que gosto para matar as saudades. Há muita afetividade envolvida, o olhar daqueles que quem viaja como eu persegue insistentemente: o local, nativo. Que te levaria a lugares que tradicionalmente estão fora dos guias turísticos.
Bom, como todos mundo sabe, Brasília é um lugar de encontro de várias regiões brasileiras. Aos 55 anos, a cidade mostra que tem a capacidade de acolher gente de toda a parte. Apesar das dificuldades de locomoção e da falta de um centro propriamente dito, há bons lugares espalhados na cidade. E este post tem um pouco de cada coisa: lugares preferidos e novas descobertas. É importante frisar a quem me lê que uma das minhas propostas neste blog é só escrever sobre os lugares que eu gosto, não havendo espaço pra detonar o trabalho de ninguém, muito menos promover aquilo ainda não está bom na minha opinião. E que esta lista é, portanto, algo bastante pessoal. Como os lugares que eu te levaria pra comer se eu ainda morasse lá e você estivesse me visitando. Outra coisa importante de salientar é que, infelizmente, só falarei sobre pontos no Plano Piloto. No mais, vamos lá!
Matando as saudades:
Passear pelas entre-quadras das Asas Sul e Norte: Este é um prazer enorme! As quadras costumam ser bem arborizadas e fresquinhas, a luz do sol passando pelos espaços entre as folhas e, se você tiver sorte e for primavera, além dos Ipês florescendo por todo canto, você ainda terá o canto das cigarras. É uma pena que hoje seja algo raro ver adolescentes e crianças aproveitando do espaços embaixo dos blocos ou dos parques das quadras. Eu aproveitei-os demais!
Visitar o Templo da Boa Vontade: sou agnóstica há bastante tempo e nunca consegui me encaixar em uma religião. Visitei inúmeros templos e nenhum deles me atraiu, com excessão deste. Aqui eu venho sempre que posso; sempre que quero um tempo comigo pra fazer uma pausa, uma conexão de energia pra agradecer. O templo possui um cristal gigante no topo, cuja energia incide bem no centro da espiral que há no piso do salão principal. Cada um tem um jeito de percorrê-la, de colocar-se sob o cristal e exercitar sua gratidão de uma maneira diferente. A única regra aqui é não ir com pressa.
Comer uma Éclair de Chocolate na La Boulangerie: Eu não fiz uma pesquisa comparativa na cidade, levando um monte de eclairs de chocolate pra minha casa pra eleger o melhor deles, mas até hoje eu não comi uma bomba de chocolate melhor do que a deles em Brasília. A massa é fresca e o creme patissiére do recheio é liso, sem grumos e com uma consistência agradável, macio e aveludado. Bomba de chocolate é um dos meus doces favoritos desde criança e essa Éclair nunca me decepciona. Ah! Os pães da casa também são ótimos, sendo o de Cereais e o de Nozes os meus favoritos.
Tomar um suco e comer um sanduíche frio no Marietta: Desde quando mudei-me pra Belo Horizonte que eu desejo que haja Mariettas em todos os lugares que eu moro. Particularmente acredito que se abrissem uma unidade na Lincoln Road aqui em Miami Beach a loja ia bombar. Tudo a ver com o clima da cidade e seus habitantes, comida saudável, fresca e - principalmente - sucos frescos, feitos na hora (coisa que o povo daqui não sabe muito bem o que é). Belo Horizonte já é uma das cidades que têm a sorte de ter lojas da rede. Quem sabe o mesmo não aocntece por aqui? Pra matar as minhas saudades, um clássico: sanduíche de salpicão com salada e suco Sinfonia Verde-Amarela. Eles costumavam ter um brigadeiro gigante e ótimo, que já consumiu muito do meu salário há bastante tempo. No ponto que eu gosto, na loja onde estive não tinha.
O sanduíche deles já foi mais bonito, mas continua delicioso!
Comer uma tarta de Limão no Chocolat Glacê: dentro do Brasília Design Center você encontra o que eu considero a melhor tarta de limão da cidade. Equilíbrio entre massa sequinha e levemente crocante, recheio cremoso e azedinho-doce com uma camada de suspiro não muito doce. Na verdade eu só vou comer lá por causa desta tarta. É almoçar esperando pelo paraíso na sobremesa. E o melhor: quem define o tamanho da fatia é você. Claro, é você também quem paga o peso dela. Mas vale cada centavo!
Almoçar no Marietta Café do Casa Park: o buffet de almoço deles é sensacional, apesar de caro. Como eu gosto muito de salada e as opções do buffet frio deles são ótimas, vou sempre que posso. Destaque para o tomate seco da casa... Arrematar a ida com um passeio na Livraria Cultura, um filme no cinema do shopping e um sorvete na Saborella significa uma tarde de passeio bem aproveitada.
Esqueci de tirar uma foto do buffet deles e achei que encontraria uma bacana na internet. Como não achei nada, vai a foto do meu prato mesmo. Um salada! ;)
Comer um picadinho no Fred: este é um dos restaurantes mais tradicionais de Brasília, famoso pelo brasileiro picadinho. O Fred é um restaurante de comida alemã, porém o picadinho deles é tão bom que eu nunca consegui ir lá e pedir outra coisa pra comer. Muito embora eu seja fã de joelho de porco (eu quase criei coragem pra pedir um da última vez), é sempre ele, principalmente porque a casa conseguiu padronizar a receita, fazendo com que o sabor se mantenha ao longo de anos, o que é raro em Brasília. Prato farto para duas pessoas, é servido pelo garçon na sua frente. E sempre sobra um pouquinho pra repetir. Vale demais!
Todo organizadinho. Delícia!
Comer o enroladinho de queijo com côco da Monjolo: Esse é um clássico lá em casa. É só comprar uma bandeja e botar no forno pra aquecer um pouco e derreter o queijo dentro. Bom demais!
Algumas casas têm mesinhas pra você tomar um café por lá mesmo e eu aproveitei pra comer meu enroladinho lá mesmo. Frio também é bem gostoso.
Comer uma Nhá-Benta acompanhada de café na Kopenhagen: tá, este não é um prazer exclusivo de Brasília. Mas é uma das coisas que gosto de fazer, porque o doce é um dos poucos prazeres infantis que tinha que se mantém. Nhá Benta sempre foi igual. Apesar de recentemente ter recebido sabores diferentes no recheio, a de marshmallow simples é imbatível. Acompanhada de um expresso fica perfeita!
Conhecendo novos lugares:
Ernesto Café: Eu já conhecia da outra vez que estive no Brasil. O lugar é pequeno e charmoso, com uma área externa bastante agradável pra tomar um café da manhã. O cardápio é variado, com boas opções de quitutes brasileiros para provar junto aos cafés servidos na casa. Desta vez eu comi uma tapioca recheada com ovos mexidos (pra mim, o melhor recheio para tapiocas. Faltou só o requeijão cremoso!), um bolo de mandioca divino e o café. A única coisa que falta para que a experiência seja fantástica é um atendimento mais atento. Este, um dos calcanhares-de-Aquiles da cidade.
La Paniére: Uma padaria francesa super bacana. Pequenininha, com algumas opções diferentes da La Boulangerie. Destaque pra o Carré, massa de Baguette assada em forma retangular de pão (pra quem adora miolo de pão, este é um desbunde!). Há algumas mesinhas pra tomar um café e eu acabei pedindo um pain aux raisins e um espresso, isso depois de dizer à uma das donas que era a minha primeira vez na loja e ela gentilmente me explicar a proposta da casa e apresentar os pães, sugerindo um ou outro pra eu experimentar. Ah, os croissants da casa também são muito bons!
Os pães que eu levei pra comer em casa.
É uma pena que eu não tenha tido tempo de visitar mais lugares; minha lista era extensa! Mas o motivo de não ter conhecido todos os lugares que eu queria é dos melhores: revi amigos queridos e passei muito tempo com eles!
Isso tudo debaixo deste céu de Brasília! <3