Nossa ida de carro até Savannah

Passei alguns dias fora do blog e da minha rotina normal. Minha sogra veio nos visitar e fizemos com ela uma viagem de 6 dias, visitando duas cidades que há muito estavam na fila das infinitas que eu quero conhecer. Esta fila parece com outra que tenho, de livros a serem lidos. Tanto a minha estante, quanto as livrarias e meu Kindle têm uma infinidade de livros a serem devorados e que só cresce. Espero conseguir cumprir mais da metade das duas listas durante a minha vida. 

Tínhamos só 6 dias porque a Pet Sitter, que fica com a Jurema quando viajamos, tinha compromisso de viagem ao exterior. Portanto, foi uma viagem mais corrida do que eu gostaria, mas que serviu pra acalmar um pouco a minha necessidade de ver o mundo. Nos planos, Saint Augustine, cidade da Flórida de colonização espanhola mais antiga nos EUA; e Savannah, no estado da Geórgia. Da primeira eu ouço falar desde que cheguei a Miami. Muitas pessoas a visitam e elogiam bastante, mas eu confesso que nunca me empolguei tanto em ir até lá. Foi somente quando ouvi uma colega de inglês contar que foi com a família até Savannah, passando por Saint Augustine, que achei que a cidade seria uma ótima parada no caminho daquela que realmente me interessava. 

Saint Augustine fica a 5 horas de carro daqui de Miami. Saímos de casa no meio da manhã, a tempo de conseguirmos passear brevemente por Palm Beach e almoçarmos por lá. Foi tempo suficiente para vermos alguns pontos a serem visitados posteriormente, já que o restaurante onde comemos não era nada de especial. Eu havia feito reserva de hotel em Saint Augustine Beach, que fica localizada em Anastasia Island - onde há um parque de conservação grande (que não visitamos ), um Farol antigo bem preservado e mais alguns pontos turísticos. Nosso hotel ficava bem perto da praia, que ainda visitamos antes de o sol se por.

Pier em Saint Augustine Beach.

Pier em Saint Augustine Beach.

Perto do Hotel, às quartas, há uma feira muito bacana onde vendem-se produtos orgânicos, artesanato e muitas coisas interessantes, com algo em torno de 60 expositores e gente muito simpática (Saint Johns County Pier Park - 350 A1A Beach Blvd in St Augustine Beach). 

O pôr-do-sol em Saint Augustine Beach.

O pôr-do-sol em Saint Augustine Beach.

Passamos um dia e meio na cidade e achei que foi o suficiente para conhecermos os pontos principais. Há alguns pontos históricos originais para se visitar, como o Castillo de San Marcos, o pórtico de entrada da cidade antiga e alguns outros. No centro histórico, há ainda alguns prédios construídos por Henry Flagler: magnata do petróleo, pioneiro do sistema ferroviário, colega e sócio de Rockfeller e um dos maiores benfeitores da Flórida, que aqui veio parar por acaso, com o objetivo de restabelecer a saúde da primeira mulher. Ficando viúvo, casou-se com a dama de cuidados da esposa morta, viajando em lua de mel a Saint Augustine, que achou um charme, mas com sistema hoteleiro muito ruim. Esta é a origem do atual prédio da Flagler College, construído para ser um hotel luxuoso e onde hoje funciona uma faculdade de Artes. Há ainda uma boa quantidade de prédios contruídos por ele nos arredores da escola. A sensação que se tem ao visitar o centro histórico é a de se estar visitando uma maquete, é tudo muito bonitinho e limpo. Mas nada especial.

Torre mais alta do Castillo de San Marcos, parte histórica de Saint Augustine.

Torre mais alta do Castillo de San Marcos, parte histórica de Saint Augustine.

Vista de uma das pontas do Castillo de San Marcos.

Vista de uma das pontas do Castillo de San Marcos.

Prédio da Flagler College. Antigo hotel de luxo, hoje uma faculdade de artes.

Prédio da Flagler College. Antigo hotel de luxo, hoje uma faculdade de artes.

Próximo ao complexo de prédios, há algumas ruas fechadas para veículos onde concentram-se lojas, bares e restaurantes. Almoçamos muito bem num deles, o Columbia, restaurante cubano de inspiração espanhola na Saint George Street , que possui unidades em outras cidades e está instalado em um prédio enorme, com pátios internos decorados com azulejos pintados à mão e fontes, num clima bem espanhol. Eu e minha sogra dividimos um prato que no cardápio estava batizado de 'Fideua de Mariscos'. Tradicionalmente, este prato é uma versão da Paella, onde troca-se o arroz pelo macarrão cabelo de anjo. Porém, o prato do restaurante era um rico linguine com frutos do mar, um dos melhores que já comi. Apesar de o prato ser diferente do que eu esperava ter pedido, eu hoje voltaria à cidade só para comê-lo novamente. É a minha melhor memória de Saint Augustine. Para podermos vasculhar um pouco melhor a cidade em um dia, resolvemos comprar tickets para os trens de turismo que passeiam por ela. Minha sogra não gosta muito de andar e essa foi a melhor solução. O interessante foi descobrir que há na cidade uma vinícola, a San Sebastian Winery. Ficamos tão surpresos com a descoberta que resolvemos descer para conhecer. Fizemos o tour, conhecemos parte do processo de produção e fizemos a degustação de vários vinhos produzidos por eles, incluindo rosé, "Porto" (eles usam a denominação, mesmo não podendo), vinho de sobremesa... A maioria dos vinhos não era muito boa, mas dois deles nos chamou a atenção quanto à riqueza aromática: o Rosa, que me lembrou Caju e que só por isso me fez morrer de amores e o Castillo Red, que após ser agitado na taça desenvolveu um aroma de pimenta do reino incrível. Compramos uma garrafa de cada pra podermos conhecer melhor em casa. No fim, a cidade vale uma passada, mas eu não me demoraria muito por lá se tivesse pouco tempo. 

Saint Augustine Lighthouse. 

Saint Augustine Lighthouse. 

Savannah fica a quase 3 horas de Saint Augustine. Chegamos a tempo de jantar. Optamos por um restaurante que fica à beira do Savannah River, onde há uma rua cheia de restaurantes e lojas, muito bacana! O Vic's on the River tem entrada pela River Street, onde funciona um simpático café, e pela East Bay Street que é bem mais alta que a primeira, fazendo com que o restaurante fique no quarto andar se você entra pelo café. É um restaurante muito aconchegante, com janelões de onde se pode ver o rio e a movimentação de pessoas na rua. Chegamos atrasados, porque tivemos dificuldades para encontrar estacionamento, mas o hostess foi muito atencioso e aproveitou a reserva que eu havia feito para meia hora antes. Quem usa o Opentable sabe que quando você comparece ao restaurante onde fez a reserva, ganha pontos que - acumulados - dão desconto em outros restaurantes. Fomos acomodados numa mesa bacana, ao lado da adega climatizada. Havia música ao vivo, com um pianista de Jazz. O atendimento continuou muito simpático e a comida estava deliciosa! 

Apesar de saber que eu deveria ter pedido o Fried Green Tomatoes, não consegui me conter e pedimos um Filé Wellington, de entrada, pra provar. Bem gostoso!

Apesar de saber que eu deveria ter pedido o Fried Green Tomatoes, não consegui me conter e pedimos um Filé Wellington, de entrada, pra provar. Bem gostoso!

Prato do Bruno: Ribeye com manteiga de ervas, batata assada recheada com lagosta e espinafre salteado.

Prato do Bruno: Ribeye com manteiga de ervas, batata assada recheada com lagosta e espinafre salteado.

Prato da minha sogra, que me pediu para escolher por ela: Shrimp and Grits! Perfumado e muito gostoso.

Prato da minha sogra, que me pediu para escolher por ela: Shrimp and Grits! Perfumado e muito gostoso.

Eu acabei me rendendo à descrição do risoto cítrico com mateira de limão e ervas e vieiras. Nada de southern food neste dia! Mas eu não me arrependo não, viu? 

Eu acabei me rendendo à descrição do risoto cítrico com mateira de limão e ervas e vieiras. Nada de southern food neste dia! Mas eu não me arrependo não, viu? 

Peach Trio: Mini-Cheesecake, sorvete e Pudim de pão com Pêssego frito. Dividimos e gostamos. 

Peach Trio: Mini-Cheesecake, sorvete e Pudim de pão com Pêssego frito. Dividimos e gostamos. 

Savannah tem pouco menos de 150 mil habitantes. Os moradores são muito simpáticos e várias foram as vezes pudemos comprovar isto. É a cidade mais antiga do estado da Geórgia (1733). Foi porto estratégico durante a Guerra Civil Americana e tem muita história pra contar. Vários museus, igrejas, 22 praças-parque e ruas encantadoras que nos fazem querer ter tempo de sobra pra degustar a cidade aos poucos. Infelizmente, tivemos somente dois dias para fazer isto e por este motivo nos concentramos no centro histórico. Caminhamos bastante, passeamos pelas praças, entramos em lojas, fizemos um City-tour pra termos uma idéia das atrações e pegamos uma fila de quase 2 horas para almoçar. Mas isto será assunto pra outro post, sobre o restaurante que almoçamos. Ficou uma vontade de voltar, ficar uns 3 ou 4 dias e dar uma esticadinha até Charleston, na Carolina do Sul. As duas são consideradas cidades-irmãs, e Charleston é um dos novos centros gastronômicos aqui nos EUA. Oxalá seja possível fazer isto! 

A River Street lembra um pouco o French Quarter de New Orleans. Fica cheia de gente passeando, curtindo a vista, as apresentações de rua, os bares, restaurantes e lojas. 

A River Street lembra um pouco o French Quarter de New Orleans. Fica cheia de gente passeando, curtindo a vista, as apresentações de rua, os bares, restaurantes e lojas. 

Pôr do sol na River Street.

Pôr do sol na River Street.

Os carvalhos, que estão por toda a cidade e uma das inúmeras praças do Distrito Histórico.

Os carvalhos, que estão por toda a cidade e uma das inúmeras praças do Distrito Histórico.